Principal

Cuiabano foi de bicicleta até a Guiana Francesa

4 minutos de leitura
Cuiabano foi de bicicleta até a Guiana Francesa

Ednilson Aguiar/O Livre

Washington Medeiros ciclista de Cuiabá

 

Quem vê o cuiabano Washington Medeiros, 41, na rotina diária em sua loja de bicicletas e equipamentos para o esporte não imagina a maratona que ele já enfrentou há quase 15 anos, em 2002. Washington saiu, de bicicleta, de Cuiabá e pedalou por oito Estados brasileiros, além de, Guiana Inglesa, Suriname e Guiana Francesa. A meta era ainda maior inicialmente: continuar até Portugal, de navio.

A falta de condições para aquisição de um seguro exigido pelo governo francês foi a razão da interrupção, mas a passagem por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará e Amapá, além do Distrito Federal, e pelos outros três países, percorrendo 14.320 km ao todo, valeu como uma experiência para toda a vida. “Eu queria conhecer os lugares que só tinha visto nos livros”, diz o ciclista.

A viagem foi feita com uma velocidade média de 18 Km/h, pedalando sempre durante o dia. Às 4h da manhã ele se levantava, preparava o café da manhã e o equipamento, para às 5h30 estar na estrada. Às 10h30 parava para se alimentar e descansar, antes de retomar o ritmo e pedalar até às 17h. A rotina, contudo, podia e era interrompida em vários momentos. Um dos objetivos do ciclo turismo é que se façam viagens buscando aproveitar tudo aquilo que se encontra pelo caminho, sejam paisagens, ambientes, ou gente.

“Se pedalar 20 km em um dia e achar um lugar legal, está ótimo por aquele dia”, afirma. Ele fez uma média de 120 km por dia de viagem, carregando 80 kg entre a bicicleta e equipamentos, e ingerindo 6 kg de comida para aguentar o tranco.

Ednilson Aguiar/O Livre

Washington Medeiros ciclista de Cuiabá

Washington na saída de Cuiabá, na praça Pascoal Moreira Cabral, no centro

A viagem durou 283 dias. Na maior parte, cerca de 80%, Washington conseguiu abrigo em hotéis, pousadas e outros tipos de hospedagens pagas com o dinheiro que ele havia levado. “No restante dos dias eu fui acolhido por pessoas que me encontravam na estrada, a maioria humilde. Os mais ricos me viam, paravam a caminhonete, tiravam uma foto, e iam embora. Os mais pobres vinham, conversavam, me ofereciam comida quente, e às vezes até a cama dos filhos deles”, lembra.

O esforço físico e mental, obviamente cobrou seu preço em alguns momentos do trajeto. Depois de pedalar 900 Km, estando ainda em território brasileiro no Norte do país, ele pensou em voltar. O cansaço e a aflição por encontrar ambientes que dificultavam sua passagem quase o fizeram desistir. “O psicológico tem que estar mais forte que o pé”, afirma Washington. A saudade de casa também batia: ele chegou a gastar R$ 4 mil em ligações interurbanas.

Durante a jornada, ele chegou a ter de costurar pneu, pois já não possuía mais nenhum estepe, realizou suturas na perna devido a uma queda, e fugiu de pequenos animais que o perseguiam durante a viagem. As memórias trazidas, contudo, são inesquecíveis.

“O Jalapão me surpreendeu, com certeza. É um lugar com uma natureza muito bonita e exuberante, com grutas, mas também por causa do povoado, que é onde surgiu o artesanato feito com capim dourado”, conta. O capim é típico da região do Jalapão, no Estado de Tocantins, e as comunidades locais produzem todo tipo de artesanato a partir da planta. Ele realmente se impressionou com a região, tendo voltado para pedalar por lá novamente em 2011 com alguns amigos alemães.  Washington também diz que se impressionou com a organização na Guiana Francesa, que segundo ele “se parece com estar na Europa”.

Hoje, Washington, que não possui 50% da visão, realiza trajetos menores, dentro de Mato Grosso, visitando paisagens naturais em Jaciara, Rondonópolis, Cáceres e no Pantanal.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes