Você já foi ao shopping este ano? Achou que haviam mais lojas fechadas do que tempos atrás? Se a resposta foi sim, saiba que essa realidade não é exclusiva de Cuiabá. Um relatório do Bank of America apontou que os shoppings brasileiros fecharam o terceiro trimestre deste ano com saldo negativo quando se trata de lojas em funcionamento.
A pesquisa foi realizada em 146 shoppings espalhados pelo país. O resultado foram 45 lojas a menos nos últimos três meses, considerando o balanço de todas que abriam e encerraram suas atividades no período.
E mais: segundo o estudo, só em agosto 127 lojas instaladas nesses centros comerciais fecharam as portas.
A Polishop é a empresa líder do ranking de fechamentos. Encerrou as atividades de 22 unidades em agosto. Triton, Puket, Ponto e Imaginarium estão empatadas no segundo lugar, com o fechamento de cinco lojas cada.
Sinal de crise?
Não exatamente. Pelo menos na opinião de dois especialistas no setor.
Luiz Alberto Marinho diz que os números não assustam nem surpreendem. Sócio-diretor da Gouvea Malls, uma consultoria de negócios e soluções para centros comerciais, ele afirma que apontam mais para um panorama de transformação no varejo brasileiro.
“Para usar uma expressão antiga, o mix dos shoppings está sofrendo os efeitos de um ‘freio de arrumação’. Alguns setores e empresas específicas reduzirão sua presença, enquanto outros segmentos e marcas ampliarão seus espaços”.
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Caio Camargo, especialista em Inovação no Varejo, concorda, afirmando estarmos diante de uma transformação radical no DNA do comércio varejista. E o principal item transformador, em sua avaliação, é o componente tecnológico.
“Estamos presenciando um rearranjo em função de novos canais, novos hábitos e consumidores de novas gerações”, ele argumenta, chamando o fenômeno de “seleção natural” no varejo, ou seja, uma eliminação de modelos de negócios desatualizados.
“O fechamento dessas lojas pode ser o chamado à ação que a indústria precisa para se reinventar”, ele defende.