Cidades

Crianças no Hospital de Câncer ganham álbuns da Copa e fazem a festa

5 minutos de leitura
Crianças no Hospital de Câncer ganham álbuns da Copa e fazem a festa

Uma expressão de surpresa e felicidade tomou conta da pequena Rafaela Perondi, de 6 anos, quando abriu seu primeiro pacote de figurinhas da Copa e logo foi premiada com duas imagens douradas. Ela foi uma das crianças da ala de pediatria do Hospital de Câncer de Mato Grosso (Hcan) que ganharam álbuns da Copa do Mundo com diversos pacotes de imagens, doados na tarde desta quarta-feira (4) por um grupo de mães.

No Espaço da Família, o clima do Mundial já estava instalado. Por toda parte, bandeirinhas do Brasil e itens na cor verde e amarelo enfeitavam o espaço. Nesta tarde, porém, o adereço mais bonito foi o sorriso das crianças, que foram surpreendidas durante a aula da Classe Hospitalar. Em uma pequena sala na ala de pediatria, os pacientes se divertiram procurando as figurinhas para completar os álbuns.

Rafa, como é chamada, foi a primeira a abrir os pacotes. Logo no primeiro, encontrou duas figurinhas douradas – uma do Panamá e outra da Coréia do Sul – e, com os olhos arregalados, indicou que eram imagens raras. Sua acompanhante, a irmã Eduarda Perondi, de 18 anos, fez questão de observar que Rafa sempre foi uma criança muito alegre e vaidosa, e que estava empolgada com a Copa do Mundo.

“O último jogo do Brasil, na segunda-feira, a gente teve que acompanhar do quarto, só eu e ela, porque ela estava em isolamento, mas fizemos uma festa mesmo assim”, comentou a jovem, que chegou a trancar a faculdade de Direito em Sorriso, município distante cerca de 400 km de Cuiabá, onde a família morava, para acompanhar a irmã no tratamento de uma leucemia.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

A sorte também foi amiga do Nabi Samuel, de 8 anos. No primeiro pacote que abriu, ele também tirou uma figurinha dourada, mas se animou ainda mais quando viu a imagem do atacante da seleção brasileira Gabriel Jesus. Ele, que se orgulha de ser flamenguista, não conseguiu acompanhar os jogos do Mundial por terem coincidido com o momento do seu diagnóstico.

A mãe do menino, Kananda Gonçalves da Rosa, de 27 anos, disse que a ação desta tarde chegou para animá-lo. Nesta quinta-feira (5) fará apenas uma semana que a família descobriu que Samuel possui linfoma de Hodgkin, um tumor que inicia nos linfonodos e pode se espalhar pelo corpo. Até o diagnóstico foram 10 meses de idas e vindas em hospitais.

Na semana passada, então, quase toda a família – pai, mãe e filhos – se mudou de Brasnorte (distante 570 km da capital) para Cuiabá para acompanhar o menino. Na cidade natal ainda ficou uma filha, de 11 anos, que está morando com amigos dos pais.

“A gente não está tão envolvido com essa questão da Copa porque coincidiu nesse nosso momento, então você não tem muito aquele ânimo, né? No último jogo do Brasil a gente estava se organizando para vir para Cuiabá, então não teve aquela emoção. Mas o Samuel ficou agora muito feliz e isso é muito bom. E ainda vai ser uma coisa a mais para ele e o pai dele fazerem juntos e curtirem bastante”, disse.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Quem ficou igualmente animada nesta tarde foi a empresária Melissa Levy, que organizou a ação. Ela, que é mãe de quatro filhos, já montou 11 álbuns de coleção. “Tudo começou com uma diversão, quando eu montei para o meu caçula. Depois fiz para os outros filhos”, comentou.

Ela contou que foi devido aos incentivos para troca de figurinhas que a ideia de estender a diversão até as crianças do Hospital de Câncer surgiu. Primeiro ela chegou a completar dois álbuns para doar. No entanto, os médicos não recomendaram a doação em razão da baixa imunidade dos pequenos pacientes.

“Muita gente pegava nas figurinhas, que eram trocadas, então acharam melhor não. Então mudei a ideia e comecei a arrecadar pacotinhos fechados para que as crianças pudessem montar elas mesmas”, explicou.

Foram diversas as pessoas que ajudaram na compra das mais de mil figurinhas. Segundo Melissa, quando o torcedor decide completar um álbum por conta própria, isto é, sem a tradicional troca de imagens, gasta-se, em média, mil reais. Então, contaram com doações para que as famílias não precisassem arcar com o custo. Um ponto de arrecadação foi a banca de jornais e revistas da Praça Popular. A proprietária também esteve presente no HCan e fez questão de registrar o momento.

Nesta quarta-feira, nem todas as crianças do hospital puderam receber os presentes. No entanto, os álbuns restantes foram guardados pela equipe médica para serem distribuídos quando os pacientes receberem alta das internações.

Os dois álbuns que foram completados pela empresária serão rifados e terão o dinheiro arrecadado revertido para a ala de pediatria do HCan. As rifas já são vendidas a R$10 e podem ser compradas na banca da Praça Popular.

 

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes