O prazo para vacinação com a segunda dose contra a covid-19 já venceu para mais de 112 mil pessoas em Mato Grosso e o esquema de imunização está interrompido.
O público inclui idosos com 75 anos ou mais e profissionais da saúde, cujas doses estariam há mais de um mês em estoque das secretarias municipais de saúde.
Os dados são de levantamento feito pelo médico sanitarista e deputado estadual Lúdio Cabral (PT). Ele diz que há 89.073 idosos a partir de 75 anos que já deveriam ter concluído a imunização. Porém, apenas 18.819 receberam as duas doses (21,1%). Se todas as doses disponíveis tivessem sido aplicadas, esse público teria 79,1% de cobertura.
Um atraso menor, mas acima da média também ocorreria para os profissionais da saúde. Pouco mais de 42 mil (50,5%) dos 84.599 concluíram a vacinação, seja com a CoronaVac, seja com a AstraZeneca. Mas se a campanha vacinal estivesse em ritmo dentro dos prazos, a cobertura seria de 85% em todo o Estado.
Números divulgados hoje (13) pelo Ministério da Saúde apontam que, em todo país, cerca de 1,5 milhão de pessoas que receberam a primeira dose de vacina não compareceram para a segunda.
“Erro crasso” e deficiência de logística
O deputado Lúdio Cabral diz que as secretarias de saúde estão cometendo falhas da cartilha básica do Plano Nacional de Imunização (PNI). Por exemplo, tem gerado burocracia desnecessária para a aplicação da segunda dose.
“Tem acontecido em Cuiabá de exigir o agendamento online para aplicar a segunda dose. Quando a pessoa toma a primeira dose, ela recebe um cartão de vacina com a data para voltar, mas tem acontecido de a aplicação ser negada porque não havia agendamento para a segunda dose. Faz parte da cartilha básica da vacinação que nenhuma oportunidade vacinação deve ser dispensa”, disse.
Ele afirmou que é necessário um serviço de acompanhamento das pessoas que já tomaram a primeira dose, principalmente no caso dos idosos, para o caso de não comparecerem para completar o esquema de imunização.
O deputado disse que a situação pode ser pior para os idosos mais pobres que não tem acesso à tecnologia para agendamento da vacinação e dificuldade de transporte até o polo de instalado no Centro de Eventos do Pantanal.
Ele vê a descentralização da campanha como o caminho mais viável.