Tecnologia e Inovação

Conheça Alfa Crux, o nano-satélite brasileiro que pode revolucionar a comunicação em regiões remotas

Ele completou um ano em órbita e já representa um avanço para a ciência brasileira

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Conheça Alfa Crux, o nano-satélite brasileiro que pode revolucionar a comunicação em regiões remotas
(Foto: Reprodução / Assessoria)

Ficar incomunicável e sem sinal do que acontece no restante do mundo ainda é uma realidade para muitos brasileiros. Ainda acontece com quem mora ou trafega com frequência por regiões, hoje, já não tão remotas assim. Solucionar esse tipo de problema é uma das missões do Alfa Crux, um dos primeiros nano-satélites 100% brasileiros, financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal.

Neste mês, ele completou um ano em órbita e a reportagem do LIVRE conversou com o coordenador do seu projeto, Renato Borges, membro sênior do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas) e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB), onde a mágica acontece.

O que é um nano-satélite?

Pra começar, você precisa entender que um satélite “normal”, considerado pequeno, pode pesar até uma tonelada. A massa total depende, é claro, da quantidade e tipo de dispositivos utilizados na sua montagem. Um nano-satélite é bem menor que isso: o peso pode variar de 1kg a 10kg.

E engana-se quem pensa que o tamanho tem influência direta na complexidade das atividades que eles podem desempenhar. Há demandas que um único nano-satélite pode atender perfeitamente. O mais comum, no entanto, é que eles atuem em constelações. Esse trabalho em conjunto possibilita, por exemplo, que os dados sejam transmitidos por eles em tempo real.

Renato Borges explica: o Alfa Crux está em uma órbita baixa, a cerca de 500 km de distância da supercífie da Terra. Ele leva cerca de 1h30 para completar uma volta ao redor do planeta. Mas a Terra também está girando. A combinação desses dois movimentos faz com que o Alfa Crux leve cerca de 12h para revisitar um mesmo ponto.

Alfa Crux, o nano-satélite brasileiro
(Foto: Reprodução / Assessoria)

Em outras palavras, se ele passou por cima da sua casa às 10h de manhã de hoje, mesmo dando cerca de 15 voltas na Terra ao longo do dia, ele só vai passar por você novamente às 22h. Então, se o Alfa Crux te fornecesse internet, por exemplo, você só teria acesso ao sinal nesses horários.

“Se o serviço precisa ser contínuo, o ideial é inserir um número maior de satélites. Assim, quando um estiver saindo daquela localidade – e as passagens deles são rápidas -, já teria um segundo entrando, e eles trabalhariam de forma cooperativa”.

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A serviço da comunicação

E o Alfa Crux está mesmo a serviço da comunicação. Por enquanto, não há impacto da presença dele no espaço na sua vida. Mas as pesquisas feitas pelos cientistas brasileiros que operam esse nano-satélite podem representar um avanço nesse sentido.

Renato Borges diz que há planos para formar uma constelação brasileira. Por enquanto, o trabalho com o Alfa Crux foi de, digamos, estruturação dos processos necessários para enviar um objeto desses para o espaço.

“Foram cerca de 2 anos para estruturar a missão e existe um aprendizado tecnológico e de aspectos legais, todo o processo de cooperação entre organismos nacionais e internacionais” explica o professor. Aliás, o Alfa Crux ficoi coloca em órbita pela nave Falcon 9, da SpaceX.

Alfa Crux, o nano-satélite brasileiro
(Foto: Reprodução / Assessoria)

Agora, de acordo com o professor, começa o trabalho propriamente dito de entender como a comunicação via satélite é feita e quais pontos da teoria se aplicam ou não à prática. Questões como o clima, aqui na Terra, mais especificamente nessas áreas remotas das quais falamos, são fatores que fazem toda a diferença.

“A gente entra no segundo ano (de órbita do Alfa Crux) numa fase focada na execução das demonstrações tecnológicas e das ações de impacto na sociedade. Agora vamos entender o serviço como um todo”.

Tecnologia mais acessível

Outro marco destacado pelo Alfa Crux é que esse tipo de tecnologia, agora, está mais acessível do que antes. Renato Borges conta que a história brasileira de enviar satélites para o espaço teve início por volta dos anos 1990, mas que essa atividade só se intensificou quando os custos reduziram.

“É mais fácil levar um 1kg do que uma tonelada para o espaço”, ele enfatiza. E nem é só isso. Construir um satélite enorme demanda um laboratório igualmente grande, enquanto os pequenos, podem ser feitos em lugares menores, o que também poupa dinheiro.

“São esses aspectos que fazem tornar mais barato e, consequentemente, você consegue montar uma rede de forma mais rápida”.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




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