Conciliar a maternidade com a carreira profissional é um desafio desde os primórdios da abertura do mercado de trabalho para as mulheres. E a polêmica mais recente sobre o tema é a oferta de congelamento de óvulos como benefício trabalhista.
Com a tendência crescente de adiamento da maternidade – entre 2000 e 2020, o percentual de brasileiras com pelo menos 30 anos que se tornaram mães passou de 24% para 38%, segundo o IBGE – algumas empresas resolveram oferecer o custeio do serviço como uma forma de atrair e reter talentos femininos.
O preço do procedimento, claro, varia de acordo com diversos aspectos. Em média, no entanto, o custo pode ficar entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, no Brasil. Mesmo assim, tem se tornado cada vez mais popular, principalmente entre mulheres acima dos 35 anos.
Mas considerar o pagamento desse serviço um benefício trabalhista tem gerado controvérsias. Alguns críticos argumentam que essa prática reforça a ideia de que carreira profissional e maternidade são inconciliáveis. E que empresas que adotam essa postura, na verdade, estão colocando a responsabilidade pelos filhos exclusivamente sobre as mulheres.
Além disso, surge uma pergunta: como será o tratamento que essas empresas darão às profissionais que retornarem da licença-maternidade após fazer uso dos óvulos congelados?
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Levantamentos mostram que a maioria das mulheres enfrenta desafios, como preconceito, falta de políticas trabalhistas e inflexibilidade na jornada de trabalho.
Diante desse contexto, especialistas afirmam que a oferta do congelamento de óvulos como benefício trabalhista deve ser cuidadosamente avaliada pelas empresas. A sugestão é que as organizações tenham uma visão ampla e inclusiva em relação à maternidade. O serviço pode ser uma ótima opção, se vier acompanhado de um conjunto de práticas de apoio e acolhimento às mulheres no ambiente de trabalho.