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Confusão no Fórum: acusada de desacato registra BO contra PM por “soco na boca”

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Confusão no Fórum: acusada de desacato registra BO contra PM por “soco na boca”
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Camila Carvalho Leite, de 34 anos, que foi acusada de tentar agredir uma advogada e de desacatar policiais militares na porta do Fórum de Cuiabá, no fim da manhã de terça-feira (14), registrou um boletim de ocorrência contra os militares que a levaram para a delegacia. Segundo a mulher, ela teria sofrido agressão por parte de um dos policiais.

A informação foi repassada ao LIVRE pelo advogado Waldir Caldas, que também preside a Comissão de Direito Carcerário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT).

Inicialmente, a equipe de militares relatou, em boletim de ocorrência, que, ao ser abordada, a mulher teria se desequilibrado e caído no chão, vindo a machucar a boca, sendo que foi necessário levá-la para atendimento médico na Policlínica do Verdão.

A história verdadeira seria outra, segundo o advogado. “Eu perguntei se tinham visto o que tinha acontecido. Eles [testemunhas] disseram que tinham batido nela. Perguntei quem e disseram: ‘o policial’”, relatou Caldas.

De acordo com a defesa da mulher, diversas testemunhas estiveram presente no momento da agressão sofrida pela acusada. O advogado, então, a orientou a fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e a registrar o boletim de ocorrência. O caso deverá ser levado à Corregedoria-Geral da Polícia Militar.

Foto: Reprodução

Nervos exaltados

Para explicar o que de fato teria acontecido naquele dia, o advogado voltou a história para relatar.

Segundo Waldir Caldas, desde a manhã daquela terça-feira, Camila já estava muito nervosa. Ele explicou que conheceu a mulher naquela manhã, quando ambos aguardavam audiências Fórum de Cuiabá. De acordo com o advogado, Camila seria ouvida pela justiça logo depois dele.

Antes de o advogado ter sido chamado para a primeira audiência do dia, a mulher tinha lhe confessado que tem três filhos e passa por uma situação financeira difícil. Ainda, Camila disse que recebeu um mandado de despejo e não tem para onde ir com as crianças, que, segundo ela, estariam passando fome.

Camila esperava resolver parte dos problemas naquela manhã, já que passaria por uma audiência para estipular a pensão alimentícia do ex-marido aos filhos. O homem, aliás, teria “desaparecido” por meses, abandonando as crianças. Só que a situação não foi como o esperado. O ex-marido, na audiência, teria oferecido R$ 200 para a mulher, o que a teria deixado “descontrolada”, nas palavras do advogado.

“Quando acabou a minha audiência, entrou na sala um homem com uma advogada. Eu encontrei Camila na porta e ela disse que ele era o pai das crianças. Ela estava muito nervosa, e eu fiquei sentado do lado de fora, esperando para ver o que é que ia acontecer. Ela realmente surtou, estava descontrolada diante da situação dela”, comentou Caldas.

No entanto, o advogado não a teria visto mais.

A agressão

Caldas relatou ter ouvido uma confusão e a voz de Camila, mas imaginou que ela estaria discutindo com o ex-marido. Apenas quando desceu a rampa do Fórum para ir embora, e se deparou com um tumulto e uma viatura da Polícia Militar deixando o local, foi que soube do acontecido.

“Tinha umas pessoas ali e eu perguntei se tinham visto o que aconteceu. E ai as pessoas disseram, umas quatro ou cinco, e ao mesmo tempo: ‘nós vimos, ele deu um murro na cara dela’. Todo mundo estava desesperado com a violência, falaram que ela caiu ensanguentada no chão. Eu perguntei, então, quem que fez: ‘foi o marido dela que bateu?’ e disseram: ‘não, foi o policial, foi o policial’”, relevou.

Segundo Caldas, logo em seguida, uma advogada teria o abordado e relatado que presenciou tudo e que tirou fotos da viatura e do policial que teria agredido a mulher.

Para ajudá-la, o advogado a procurou em duas delegacias e entrou em contato com a guarda do fórum. Quando a entrou, Camila estava detida, já tinha sido ouvida pelo delegado e os policiais tinham registrado um boletim de ocorrência contra ela, por desacato. Caldas pediu cópias de todas as documentações e, então, passou a acompanhar o caso.

O advogado também procurou a guarda do fórum para solicitar a identificação de todos os militares envolvidos no caso. No entanto, explicou que apenas conseguiu registrar um novo boletim de ocorrência sobre a agressão na noite dessa quinta-feira (16), uma vez que teve uma audiência em Pontes e Lacerda na quarta-feira, não sendo possível acompanhar a cliente antes.

Para conferir a versão relatada pelos policiais, clique aqui.

Abaixo, veja os documentos enviados pelo advogado à reportagem:

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