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Com nova lei, Mato Grosso quer imitar exemplo do sul do país

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Com nova lei, Mato Grosso quer imitar exemplo do sul do país

Divulgação

Recanto Verde - Turismo Rural

Recanto Verde, em Porto dos Gaúchos: propriedade começará a receber turistas no próximo ano

As vinícolas e as pequenas e médias fazendas nos campos do sul do país são exemplos para Mato Grosso há muito tempo. Não à toa, a região pioneira em investir neste setor econômico do estado foi o Pantanal, onde os passeios a cavalo nos campos alagadiços já lembravam os trajetos equestres nos pampas.

Com a publicação da Lei 10.612 nesta terça-feira (17), a expectativa é que o turismo rural em Mato Grosso se torne um importante setor econômico. Na prática, a lei estabelece um diferencial de atividade econômica para a agricultura familiar, setor que sofre com os parcos recursos públicos e o baixo investimento.

A falta de dinheiro, aliás, deve ser o principal óbice na tentativa do Governo de fazer com que o estado se aproxime do modelo sulista. De acordo com o secretário-adjunto de Turismo, Luiz Carlos de Oliveira Nigro, as chances de obter recursos para realizar ações cursos, treinamentos e visitas técnicas na área do turismo da agricultura familiar ainda são baixas.

“Infelizmente o estado vive uma situação de arrocho, em que muitas secretarias precisam economizar para manter suas atividades, mas os investimentos vão vir aos poucos, não tenho dúvida”, comentou Nigro. A expectativa do secretário é que no próximo ano a situação melhore.

Além da questão financeira, turismo na pequena agricultura sofre com um problema cultural: a falta de interesse do pequeno produtor em investir. De modo geral, os pequenos e médios produtores temem que o negócio não prospere e preferem se ater à produção agrícola não-alinhada ao turismo. Antônia Maria Rodrigues Portes é proprietária do sítio Recanto Verde, a sete quilômetros do muncípio de Porto dos Gaúchos, e se prepara para receber turistas a partir de 2018. Mesmo sabendo que o negócio é rentável, ela teme não conseguir atender às expecativas dos clientes. 

“O meu sítio já recebe pessoas, gente que vem conhece o lugar, mas nós não cobramos nada. E nós sabemos que tem gente ganhando muito dinheiro com lugares simples como o nosso, mas ainda assim tem aquele medo, medo de o cliente não gostar, de não achar o preço justo, porque dinheiro a gente sabe que rende”, conta ela.

Antônia se reuniu nesta terça-feira (17) com representantes do Estado, pois ela quer tentar viabililzar o empreendimento com a ajuda do governo. No Recanto Verde, ela produz polpa de frutas e distribui o produto para escolas da região. 

Segundo Geraldo Donizete Lúcio, especialista em turismo rural e criador do blog Turismo Rural MT, a nova lei chegou com um pouco de atraso, mas vem consolidar a diretriz nacional aprovada em 2004, que trata do mesmo assunto. Mato Grosso já possuía uma lei de turismo rural aprovada em 2008, que tratava do tema como um todo, sem especificar o setor econômico da agricultura familiar.

“Mato Grosso ainda engatinha nesse setor, de fato o modelo a ser seguido são de estados como Paraná, Santa Catarina e São Paulo. É um exemplo que começamos a trazer de lá nos anos 1980, quando as fazendas do Pantanal se abriram para o turista de outros cantos do país; agora é preciso consolidar essa estrutura”, comenta ele, que trabalha com o tema há mais de 20 anos.

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