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Cinco perguntas para ANTONIO JOAQUIM

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Cinco perguntas para ANTONIO JOAQUIM

Foto: Ednilson Aguiar. Arte: Gregório Frigeri

Cinco Perguntas para Antonio Joaquim

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antonio Joaquim, tenta viabilizar uma candidatura a governador do Estado e polarizar com o atual gestor, Pedro Taques (PSDB), a quem acusa de perseguição por estar impedindo sua aposentadoria.

Afastado do cargo desde setembro de 2017, acusado pelo delator Silval Barbosa (ex-PMDB) de receber propina, ele não hesita em afirmar que as contas de governo do ex-governador são melhores que as do atual, Pedro Taques (PSDB). “Não estou dizendo que o Taques é mais corrupto que Silval. As contas de governo não têm nada a ver com a execução do orçamento, com a corrupção em si”, alega. “O Taques está bem pior que o Silval porque não cumpre o orçamento quando não passa o dinheiro do Fundeb, do Fethab, dos Poderes”.

Natural de Goiânia (GO) e com 62 anos, Antonio Joaquim já foi deputado estadual e federal, além de secretário de Estado, no Governo Dante de Oliveira – o responsável por sua indicação ao TCE, em 2000. Ele foi presidente do órgão por duas vezes e também presidente da Associação Nacional dos Tribunais de Contas (Atricon).

1 – Por que praticamente todo político sonha ser conselheiro do TCE – e por que o senhor quer fazer o caminho inverso?

Antonio Joaquim – O Tribunal é um órgão atrativo. Tem excelência de atuação, tem um poder razoável de julgar as contas dos ordenadores de despesas, uma grande assessoria pessoal de gabinete. Acho que isso atrai quem quer se acomodar, ter uma zona de conforto. O que me levou ao Tribunal foi exatamente a estabilidade. Eu me senti muito inseguro quando se acentuou o mercantilismo do processo eleitoral. Eu sabia que não teria condições de disputar eleição pois sempre tive dificuldade de arrecadar recurso. Mas fui para o Tribunal sempre pensando em voltar à política. E agora tenho a convicção que finalmente melhorou bastante. Não tem mais doações de empresas, os recursos são limitados, “caixa-dois” dá cadeia. Então eu acho que a próxima eleição é o meu perfil: a eleição do debate, de conceito, de ideias, de experiência, de maturidade. O Tribunal é um passado muito honroso, que me engrandeceu muito, mas não me atrai mais.

2 – O que o TCE poderia ter feito e acabou não fazendo em relação às obras da Copa e ao Governo Silval Barbosa, confessadamente corrupto? Os órgãos de controle falharam?

Antonio Joaquim – De certa forma, sim. Mas preciso explicar que as atribuições do Tribunal de Contas não confrontam a corrupção diretamente. É um órgão de controle, fiscalização e julgamento, mas quem investiga e penaliza o corrupto é o Ministério Público e a Justiça. O Tribunal não se omitiu nas obras da Copa, pois sempre alertamos que não ia concluir. Eu era relator das obras da Copa e publicamos 11 relatórios dizendo que elas não ficariam prontas. Suspendi vários editais de licitação, mandei devolver dinheiro do teleférico de Chapada, das Land Rovers de R$ 2,5 milhões do Eder Moraes. Dei várias decisões contra o governo Silval. Mas ele vai lá, delata, me coloca no meio da delação, e parece que eu só votei favorável.

Eu fiz um relatório favorável às contas de governo do Silval em 2014. As contas dele são melhores que as do Taques. As contas de governo não têm nada a ver com a execução do orçamento, com a corrupção em si – elas avaliam se cumpriu orçamento de saúde, educação, limite de endividamento, se cumpriu o limite de gastos com pessoal. No caso do Taques, se o Tribunal de Contas não tivesse a benevolência de tirar recurso da Defensoria da rubrica do Executivo, ia estourar o limite de 49% de gasto com pessoal e íamos julgar contrário às contas dele, porque fazemos isso com todos os prefeitos que estouram. O Taques está bem pior que o Silval no aspecto porque não cumpre o orçamento quando não passa o dinheiro do Fundeb, do Fethab, dos Poderes. Não estou dizendo que o Taques é mais corrupto que Silval. Nem estou dizendo que Taques é corrupto, mas o governo dele tem corrupção, como teve do Silval também. Secretário preso e grampos, que é até pior do que roubar.

3 – O que Antonio Joaquim e Pedro Taques estarão fazendo em janeiro de 2019?

Antonio Joaquim – Espero no dia 1º, que é meu aniversário, tomar posse na cadeira de governador, para oferecer a Mato Grosso minha experiência e minha maturidade. Espero disputar as eleições e me eleger governador do Estado. Só que eu não sou obsessivo, não sou doente com isso. O Taques está aí me perseguindo implacavelmente para impedir a minha candidatura e até agora ele ganhou. Vamos ver no mês de fevereiro. Se até o próximo dia 20 não resolver a situação, eu vou abrir para um nome que possa preencher o espaço político das oposições do estado. Eu estarei como candidato ou como cabo eleitoral na campanha. Pedro Taques não vai me impedir de estar na campanha. O povo de Mato Grosso clama por uma mudança. A pesquisa mostra que 60% da população quer um governo totalmente diferente do atual. Quanto ao Taques, as pessoas colhem o que plantam. Eu acho que Taques está colhendo todas as coisas que ele realizou no governo dele.

4 – A “nova política” está mais para Felipe Wellaton ou Carlos Bezerra?

Antonio Joaquim – Eu acho muito equivocado fulanizar a política. Você tem que respeitar a história do Bezerra: ele tem 40 anos de vida pública, nunca mudou de partido, tem uma boa cabeça política, vocação. Todos têm problemas, mas isso não é motivo para desqualificar a história política dele. E Wellaton é um garoto muito inexperiente ainda. Não se pode nivelar. Nova política para mim é cidadania, é participação popular no dia a dia do Estado, do município, da nação, e isso não acontece no Brasil. Os pais dos alunos debatendo as políticas educacionais para melhorar a qualidade da escola, os conselhos de políticas públicas cobrando eficiência do Estado. As pessoas querem que as coisas funcionem. O governo existe para isso. O Executivo fazendo as coisas acontecerem, com hospital funcionando, professor dando aula, estradas trafegáveis, a segurança funcionando, o Judiciário resolvendo nossas disputas, o Legislativo fazendo leis para melhorar a vida das pessoas. Só que é preciso trazer os cidadãos para o dia a dia. Não adianta só votar a cada dois anos. É preciso discutir os orçamentos, que são as leis mais importantes que existem. Isso é nova política: eficiência no serviço público e cidadania.

5 – O senhor usa Wellaton ou Grecin 5?

Antonio Joaquim – Nenhum dos dois. Eu tenho outro produto que eu uso. Quando ganhei meu primeiro neto, eu tinha 52 anos de idade. Acho que é um problema genético, mas com 35 anos meu cabelo ficou branco. E aí, quando tive meu neto, em 2009, eu decidi não pintar mais e fiquei cinco anos sem pintar. Um dia, numa viagem à Espanha, tinha um salão no hotel e elas me convenceram a voltar a pintar. Tem muitas fotos minhas aí de cabeça branca. As mulheres, principalmente, elogiam a cabeça branca, mas a maioria das pessoas olha para o cabelo e julga tua idade pelo cabelo. Falam “olha aquele velhinho de cabeça branca”.

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