O futuro dos olhos pode estar condicionado à chamada Síndrome Visual do Computador, um fenômeno novo causado pelo uso constante da visão de perto. Esse problema, alavancado na pandemia com a diminuição de circulação ao ar livre e recebimento da luz natural, tem causado algumas mudanças no comportamento visual, principalmente em crianças.
São três aspectos principais que envolvem essa síndrome: o cansaço dos olhos; o ressecamento do olho e, também, a própria radiação luminosa emitida pelos aparelhos eletrônicos, como smartphones e computadores.
O uso intenso da visão de perto é tido, pela Organização Mundial da Saúde, como um fator de risco no início e progressão do quadro de miopia .
Em 2019, o primeiro relatório mundial sobre a visão da instituição estimou que o número de casos saltará dos 1,95 bilhão atuais para 3,36 bilhões em 2030.
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Como evitar o efeito cumulativo?
Ainda que não existam estudos populacionais que possam dizer de maneira precisa as consequências do uso excessivo das telas, segundo o professor e oftalmologista Mário Camargo, da Faculdade de Saúde Pública da USP, a longo prazo pode haver um efeito cumulativo com tendência de envelhecimento precoce do olho.
“O efeito maior que há — isso já está mais bem estabelecido — é o fato de que o olho, além de servir para a gente enxergar, é um importante marcador termômetro para o nosso ritmo biológico”, diz.
Quando a luz incide nos olhos, ela estimula a produção ou inibição do hormônio melatonina, responsável por induzir as pessoas ao sono.
“Se ficarmos trabalhando nas telas até a hora de dormir, isso vai nos estimular a ficar acordados, levando à insônia e a uma diminuição da qualidade do sono”, alerta o professor.
Segundo a OMS, ter pelo menos 60 minutos de exercício diário foi associado a uma menor prevalência de miopia. As recomendações, que valem a todos os públicos, especialmente às crianças, vão desde diminuir o tempo de uso das telas a piscar de maneira mais consciente e manter o ambiente umidificado.