GCom-MT
Crimes teriam sido realizados por militares ligados à cúpula do governo
O cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior adotou uma nova postura no caso dos grampos telefônicos realizados por militares ligados à cúpula do governo do Estado. Gerson, que até então se negava a colaborar com as investigações, passou a admitir os crimes imputados a ele até agora pela Justiça.
De acordo com o advogado Thiago de Abreu, a nova postura ainda não é uma colaboração nos termos entendidos pela Justiça. O cabo apenas estaria confessando atos cometidos por ele e não estaria indicando a participação de outras pessoas no caso.
Gerson é acusado de ser o responsável pelos pedidos e relatórios de Inteligência que permitiram a quebra do sigilo telefônico de deputados, desembargador, jornalistas, advogados, entre outras pessoas de interesse da cúpula do governo do Estado, em investigações com as quais eles não tinham relação.
O cabo era um dos operadores da central de escutas clandestinas montada no edifício Master Center, em Cuiabá. De acordo com o desembargador Orlando Perri, que era o relator do caso no Tribunal de Justiça até o último dia 11, o esquema só foi possível pela habilidade de Gerson em manusear os equipamentos dos grampos.
Em geral, quando acordos de colaboração premiada são fechados com a Justiça é incluída uma cláusula de confidencialidade por parte dos acusados e de suas defesas. O advogado, contudo, afirma que se esse fosse o caso ele simplesmente se negaria a falar sobre as informações prestadas pelo cabo.
De acordo com Thiago de Abreu, Gerson ofereceu seus sigilos bancários e telefônicos, além de se prestar à realização de buscas em sua residência e nas casas de parentes. “A intenção é dar credibilidade a aquilo que ele fala nas investigações”, diz o advogado.
O cabo está preso desde junho pela participação nos grampos. O militar teve duas prisões decretadas, uma por crimes militares e outra por organização criminosa. Gerson também é investigado por uma suposta tentativa de obstrução de Justiça – ele é suspeito de esconder o equipamento utilizado nos grampos.