André Dusek/Estadão Conteúdo
Temer e Blairo em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, no final de março
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, do Partido Progressista (PP), disse que ele e a sigla vão continuar no governo do presidente Michel Temer a despeito das denúncias feitas pelo empresário Joesley Batista, da JBS. “Meu partido está na base e vai continuar na base”, disse, em entrevista à imprensa em evento em Cuiabá na manhã desta quinta-feira (25).
“A ideia é permanecer no governo, auxiliar o governo, passar esse momento de turbulência, e esperar que o governo consiga reorganizar suas forças no Congresso”, continuou o ministro.
“Se o presidente conseguir reorganizar a base no Congresso, dá para fazer as reformas”
Blairo reconheceu que Temer está enfraquecido, mas afirmou torcer por uma reversão do quadro para que o presidente consiga concluir o mandato e aprovar as reformas trabalhista e da Previdência.
“Força popular, o governo já não tinha. Desde a posse do presidente Temer, sabíamos que não éramos um governo popular”, disse. “Mas tínhamos uma base parlamentar muito forte e isso dava as condições para que pudéssemos fazer as reformas necessárias. Perdemos um pouco disso nos últimos dias. Agora, se ele conseguir reorganizar a base no Congresso, dá para fazer as reformas”, concluiu.
Radicalização, paciência e conversa
Blairo relatou ainda as manifestações ocorridas na quarta em Brasília, que fizeram com que o governo federal convocasse as Forças Armadas. O Ministério da Agricultura foi um dos mais atacados.
“Na parte da tarde, começamos a observar que estava saindo um pouco de controle, muita pedra, muito vidro quebrado. Havíamos colocado tapumes na frente do nosso ministério e aí, de repente, meteram fogo, colocaram fogo na recepção, nos sofás, no auditório que temos embaixo. Começou uma fumaça muito preta e aí, realmente, todo mundo saiu correndo”, contou.
“Colocaram fogo na recepção, nos sofás e no auditório. Começou uma fumaça muito preta e aí, realmente, todo mundo saiu correndo”
Questionado sobre que análise faz da crise no governo federal, Blairo condenou o que chamou de radicalização e defendeu “muita paciência e conversa” para que os interesses do país sejam preservados “acima de tudo”.
Reformas
Apesar da tentativa da equipe econômica de evitar contaminação maior da agenda de reformas pela crise política, a reforma trabalhista – já aprovada na Câmara – é a única considerada com alguma chance de ser aprovada neste semestre, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Segundo fontes, o governo poderá articular a votação da reforma trabalhista diretamente no plenário, para acelerar a tramitação – ela deixaria de passar por comissões no Senado.
Se a reforma trabalhista tem chance de ser aprovada neste semestre, o ceticismo é maior com a previdenciária, segundo apurou o Estadão/Broadcast. No Congresso, já se começa a pensar em mudanças na Previdência que poderiam ser endereçadas via medida provisória (MP), que entra em vigência assim que publicada, ou mesmo por um projeto de lei.