Ednilson Aguiar/O Livre
O deputado federal Carlos Bezerra (PMDB) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) cópia da delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). O pedido foi feito ao ministro Luiz Fux na segunda-feira (14) com o argumento de que o tema já é de conhecimento público e que o deputado precisaria ter acesso para montar sua defesa.
O ex-governador citou Bezerra como destino de R$ 4 milhões em propina para que ele apoiasse uma candidatura à prefeitura de Cuiabá. Parte do conteúdo da delação foi divulgada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, na última sexta-feira (11). Bezerra afirma que a acusação contra ele “não tem fundamento”.
No mesmo acordo de colaboração, Silval afirmou que ele e outro ex-governador, o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), pagaram R$ 6 milhões ao ex-secretário Eder Moraes para que ele mudasse seu depoimento sobre a compra de uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Inicialmente, Eder admitiu à Justiça ter participado do esquema para a compra da vaga no tribunal, entre outros crimes, mas depois voltou atrás dizendo estar sob “forte emoção”. O ex-secretário negou o conteúdo do depoimento e pediu a anulação das declarações à Justiça.
A mudança de posição teria custado R$ 6 milhões a Silval e Blairo, sendo metade de cada um. Barbosa teria afirmado à Justiça que o ministro pagou sua parte em dinheiro vivo por intermédio do empresário Gustavo Capilé de Oliveira, dono do jornal Diário de Cuiabá.
A parte de Silval teria sido repassada por meio de seu ex-chefe de gabinete Sílvio Cézar Corrêa Araújo. O ex-governador ainda teria quitado uma dívida de R$ 800 mil de Eder Moraes.
A mudança da versão do depoimento de Eder, segundo o Jornal Nacional, foi determinante para o arquivamento da denúncia contra Blairo em relação ao caso no STF. O ministro nega as acusações e afirma que Silval Barbosa mentiu à Justiça com relação ao pagamento supostamente feito a Eder.
Silval Barbosa ainda disse ter quitado dívidas de campanha e pago propina ao senador Wellington Fagundes (PR). Para isso, o ex-governador disse que usou dinheiro de uma empreiteira contratada em um programa de pavimentação no Estado. O senador nega o recebimento de qualquer valor ilegal e afirma que suas contas de campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.