Se num primeiro momento as medidas de isolamento social prejudicaram empresas, em breve deve ser a vez de o governo sentir o baque. Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR) aponta que, somente no setor, 39% dos empresários estão com os impostos atrasados.
Desse total, 34% aguardam opções de parcelamento para sanar as dívidas e outros 31% afirmam que só conseguirão pagá-las se houver descontos, mesmo já tendo optado por financiamentos.
Realizada em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado food service, a pesquisa ouviu mais de 500 empresários de todo o país, entre os dias 7 e 27 de novembro.
Conforme o levantamento, 64% dos bares e restaurantes do país demitiram durante a crise. Os cortes alcançaram 37% do total das equipes. E 70% recorreram à Medida Provisória do governo federal que autorizou a redução de salários e jornada de trabalho dos funcionários.
E o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirma os números. Até setembro, o setor já cumulava um saldo negativo de 236.350 postos de trabalho com carteira assinada.
Retomada difícil
A pesquisa também revelou que a reabertura da economia não significa, necessariamente, uma retomada dos negócios. 37% das empresas que possuíam mais de uma unidade fecharam lojas.
E o faturamento de outubro, comparado com o mesmo período do ano passado, foi de menos da metade para 27% desses empresários. Outros 29% viram a receita cair entre 26% e 50%.
Diante desse cenário, 22% dos empresários do setor afirmaram que querem vender o negócio.
As maiores dificuldades para esse reinício, segundo responderam os entrevistados, são:
- 29% a localização (shoppings, aeroportos ou centros comerciais que ainda não retomaram o movimento);
- 27% a falta de confiança do consumidor;
- 24% a queda da renda dos clientes;
- 20% as limitações de horários impostas por governos estaduais ou municipais.
Acesso a crédito
Apesar disso, a pesquisa também mostrou que o setor conseguiu socorro junto ao governo. Dos 58% dos empresários que alegaram ter pedido acesso a crédito para conseguir manter as portas abertas, 75% conseguiram ser contemplados por alguma linha criada pelo governo.
O motivo alegado pela maioria das empresas que tiveram propostas recusadas (61%) foi a escassez dos recursos das linhas anunciadas.
Mas os resultados apontaram uma melhora no índice de sobrevivência das empresas. Em agosto, 22% dos entrevistados afirmaram que fechariam as portas. O número agora é de 9%.
Quanto a capacidade para pagar os salários de novembro e o 13º, 74% dos empresários afirmaram que dispõe de recursos em caixa.
(Com Assessoria)