Os vereadores que apoiam a gestão de Emanuel Pinheiro devem mudar seus discursos para se afastar do prefeito. Eles chegam ao fim dos mandatos em situação desgastada, só que Emanuel não terá o direito de disputar um novo mandato; já quase todos os vereadores tentarão esticar a permanência do cargo.
Após 3 anos como aliados do prefeito, agora eles devem declarar que a aposta em Emanuel Pinheiro não rendeu frutos esperados. E, providencialmente, as contas de gestão de 2022 deve ser usada como teste.
Se eles seguirem a indicação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Emanuel terá as contas reprovadas e perde os direitos políticos por até 8 anos, com o direito a recorrer da votação na Câmara. Se, ao contrário, aprovarem, a cobrança pode vir para eles nas urnas.
Os problemas técnicos e financeiros que levaram o TCE a recomendar a reprovação se acumularam ao longo do mandato, as dívidas trabalhistas com servidores e a intervenção na Saúde têm alguma relação com eles.
Até o ano passado, os apoiadores ignoraram esses fatores e arquivaram vários pedidos de investigação a Emanuel, alguns com desdobramento para cassação.
A diferença neste ano, diz o cientista político João Edisom, é que os vereadores estão em risco de sobrevivência e a situação tende a forçá-los a encontrar uma resposta.
“Os vereadores têm um problema político, que é renovar os seus mandatos. Eles vão ter um discurso ensaiado de porque não investigaram antes o prefeito. E eles têm espaço para isso, vão dizer que não deu certo com Emanuel e vão querer uma nova chance com o novo prefeito”, comenta.
A posição controversa dos vereadores deve ser explorada tanto pelos concorrentes dentro e fora da Câmara. A votação de ontem (22) contra o aumento de 200% na taxa de coleta de lixo deu amostras disso.
A Câmara retoma os trabalhos no dia 2 de fevereiro. O parecer do TCE para as contas de 2022 de Emanuel deve ser lida na abertura do ano legislativo. Os vereadores terão 60 dias a partir dessa data para encerrar a votação.
Se o prazo for seguido à risca, o plenário poderá votar o processo no começo de abril. Até lá, as eleições municipais vão estar batendo à porta dos pré-candidatos.