A GZH conta que a agressão ocorrida em junho aconteceu no apartamento da vítima, em Doha, capital do Catar. Um homem invadiu o local enquanto ela dormia, violentando-a sexualmente. Paola, então, foi até uma delegacia de polícia acompanhada pelo cônsul mexicano no Catar, Luis Ancona, para denunciar o agressor, levando atestado médico e fotografias dos hematomas nos braços, ombros e costas como prova.
Após prestar depoimento e deixar o recinto policial, a mexicana recebeu uma ligação solicitando que fosse até uma delegacia. Chegando lá, dividiu o mesmo ambiente que o estuprador acusado. O criminoso negou ter cometido o abuso sexual, dizendo que a economista era sua parceira amorosa. A jovem estuprada, então, passou a ser acusada de ter um caso extraconjugal com o agressor.
Deixando o Catar
O Comitê Supremo de Entrega e Legado interviu no caso de Paola e ela conseguiu deixar o Catar em 25 de julho de 2021. “Eu nunca respirei mais aliviada do que quando meu passaporte foi carimbado. No México, a adrenalina parou e começou um processo mais lento, embora igualmente complexo e doloroso”, relatou Paola ao jornal O Globo.
Chegando ao México, recebeu informações de que o estuprador havia sido absolvido de todas as acusações, pois não havia câmeras para comprovar o crime. No último dia 14, ela foi sozinha a uma segunda audiência em Doha, sem nem mesmo seu advogado particular ou um representante consular.
O site revela que Paola reclamou da falta de apoio consular e que nenhum dos diplomatas com quem teve contato falava árabe nem tinham conhecimento sobre as leis islâmicas. O Ministério das Relações Exteriores, em resposta, disse ter prestado todo apoio necessário a Paola e que as autoridades do Catar não receberam permissão para oferecerem um tradutor para a vítima por ela falar árabe fluentemente.
A mulher no islâmico Catar
Paola discorreu sobre sobre as leis islâmicas e seus descasos com os direitos básicos femininos na publicação “Um mundo que parece odiar as mulheres”, de 8 de fevereiro. No artigo, ela ressalta, ainda, a falta de preparo da embaixada no país.
“Copa do Mundo num país onde relacionamentos fora do casamento ou homossexualidade (sic) são punidos? Como essa embaixada irá servir a milhares de mexicanos e mexicanas que não falam árabe e que, também, não conhecem as leis do Catar?”, diz um excerto do texto.
Atualmente, Paola está aguardando o andamento dos processos na casa de sua família, na Cidade do México.