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Vereador de Cuiabá ameaça deixar o PSDB se Taques continuar no partido

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Vereador de Cuiabá ameaça deixar o PSDB se Taques continuar no partido

Edson Rodrigues

Dr Ricardo Saad_01012017

Vereador Ricardo Saad não quer ficar na mesma sigla que o governador: “Ele não está nem aí para os hospitais e não ouve ninguém dentro do partido”

A depender da decisão do governador Pedro Taques sobre ficar ou sair do PSDB, a legenda pode perder um representante também na Câmara de Cuiabá. O vereador Ricardo Saad afirma já ter recebido o convite de duas legendas e estar buscando meios legais para sair do partido, caso o govenador permaneça nele.

Entre os motivos citados pelo parlamentar está a atenção que a gestão Pedro Taques tem dispensado ao setor da saúde (Saad é médico ginecologista e obstetra que atende pelo Sistema Único de Saúde) e o relacionamento do governador com outros membros da sigla.

“Ele não está nem aí para os hospitais e não ouve ninguém dentro do partido”, reclamou, pontuando sempre ter sido contra a ida de Taques para o PSDB. O governador se filiou em agosto de 2015, meses após ser eleito chefe do Poder Executivo pelo PDT, partido em que iniciou sua carreira política.

Na Câmara de Cuiabá, o PSDB tem três representantes. O partido é um dos três com a segunda maior bancada. Para se desfiliar, Saad precisa de uma brecha na legislação ou autorização da direção da legenda, caso contrário, pode perder o mandato.

O (ainda) tucano não relevou quais são os partidos que fizeram o convite para que ele se filiasse. Antecipou, entretanto, que só aceitará propostas de legendas que hoje não fazem parte da base governista do Estado. “Não adianta eu mudar de partido e continuar do mesmo lado que ele”.

Críticas à saúde
Ricardo Saad, que foi diretor do Hospital Santa Helena por 25 anos, e ainda atende na unidade, reclamou do atendimento dado pelo Estado aos hospitais filantrópicos. Na convenção do PSDB realizada na semana passada, ele teceu duras críticas à gestão da saúde.

“O governador fechou um acordo, mas não cumpriu. Chamou os hospitais filantrópicos para uma reunião, prometeu pagar, mas não pagou. O dinheiro que veio, R$ 2,5 milhões, veio do orçamento da Assembleia”, afirmou.

Taques tem alegado que não tem obrigação de pagar os filantrópicos e todo o dinheiro oferecido foi uma ajuda do governo. Saad concordou e disse que o governo estadual não tem contrato direto com nenhuma unidade filantrópica, pois são as prefeituras que fazem os repasses – porém, segundo ele, os atrasos do governo estadual aos municípios estão atrapalhando que eles paguem os hospitais.

O vereador criticou ainda a política de “ambulancioterapia” reforçada pela Assembleia Legislativa, que em 2015 cedeu dinheiro ao governo para comprar ambulâncias para todos os municípios. “Melhora a saúde lá na cidade deles, que ninguém vem para Cuiabá”, sugeriu.

As principais críticas do médico tucano, porém, são dirigidas ao secretário de Saúde, Luiz Soares. “O secretário de Saúde até hoje não tomou nenhuma medida efetiva em relação à saúde do Estado. Quando abro o WhatsApp, só vejo hospitais no interior fechando. Está faltando tudo nos hospitais. Eles têm dificuldade para repor materiais, pode cortar água e cortar energia elétrica”, disse.

Ricardo Saad é um dos que pediram que o governador demitisse o secretário, no cargo há oito meses. “O secretário não aceita receber diretores, vereadores. Na cabeça dele, ele que manda, e ele tem respaldo político do governador. Então o governador tem que receber as críticas também”, concluiu. 

Taques ameaçou sair

Em reunião da cúpula do PSDB há cerca de duas semanas, o governador Pedro Taques ouviu críticas dos aliados à sua gestão – principalmente à saúde – e ameaçou sair do partido, diante da falta de respaldo. Na convenção que elegeu o novo presidente estadual da sigla, o antigo dirigente, Nilson Leitão, minimizou a possibilidade de o governador se desfiliar, apesar das divergências.

“Essa posição terá que ser dele. Recebi [a ameaça de desfiliação] com maior tranquilidade, pois considerei que foi um posicionamento momentâneo. Não acho que essa seja a vontade dele. E não podemos potencializar esses debates entre amigos”, disse Leitão, na ocasião.

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