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Várzea Grande tem taxa de 0% de investimento em água e esgoto

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Várzea Grande tem taxa de 0% de investimento em água e esgoto
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Sônia Regina, 55, está há dois dias sem água. A moradora do bairro Princesa do Sol não lavou roupa nesta segunda-feira (23) e terá de esperar até que seu reservatório volte a ficar cheio. A situação fica ainda pior com o esgoto que corre nas ruas do seu bairro, causando mau cheiro, doenças e poluição.

Ela é uma das pessoas afetadas pela baixa qualidade do saneamento em Várzea Grande, cidade que alcançou o índice de 0% em investimento comparado aos valores faturados pela prestadora de serviço. Segundo o Ranking de Saneamento do Instituto Trata Brasil (2011 a 2016), divulgado neste mês, Várzea Grande está entre as 15 piores cidades do Brasil em saneamento.

Apesar de ter melhorado no ranking geral (saltou da 93ª posição para a 89ª colocação no relatório), a cidade também apresentou perdas no faturamento (62,71%) e na distribuição de água (60,70%). O tratamento do esgoto do município é outro problema. Nos últimos anos, Várzea Grande tem tratado apenas 29,27%, recebendo uma nota de 0,37, muito aquém da média geral brasileira, de 1,25.

Sônia diz que o esgoto exposto nas ruas é uma realidade desde a criação do bairro, em meados da década de 90. “Tem vários esgotos a céu aberto em pontos próximos daqui – e onde tem acumula bicho, acumula rato e insetos. E antes, quando eu mudei, era ainda pior”, ressalta ela.

A falta de água, que chega sem frequência, obriga os moradores a apostarem no “jeitinho brasileiro” e muitos acabam comprando bombas hidráulicas para forçar a chegada da água. “Quem acorda cedo e consegue puxar fica com água, mas quem não acorda fica sem”, diz Sônia. Apesar da tarifa baixa – em torno de R$ 30 – moradores de bairros como o Princesa do Sol desembolsam cerca de R$ 300 pelas bombas.

As adaptações aumentam uma terceira deficiência: as perdas de distribuição e faturamento por ligações clandestinas. Na opinião do Secretário de Comunicação de Várzea Grande, Marcos Lemos, os “gatos” feitos pelos moradores é o principal responsável pelo resultado negativo no ranking.

Lemos, no entanto, admitiu que há uma série de vazamentos na rede, sobretudo por conta dos encanamentos antigos, boa parte feita de amianto. “Nós investimentos cerca de R$ 4 milhões para alterar todo o bombeamento de uma subestação na Estrada da Guarita, justamente para evitar que a água chegue com muita força e quebre os encanamentos”, diz ele.

Conforme indicou, o Departamento de Água e Esgoto (DAE-VG) injetou pouco mais de R$ 6 milhões no setor.  Mas, segundo o relatório, os investimentos não acompanharam o faturamento da cidade, por isso o município chegou ao 0% divulgado.

Para o secretário de Comunicação, os índices negativos não esconderiam que “a cidade tem melhorado”. Lemos contesta a metodologia adotada pelo Instituto Trata Brasil, que desconsiderou o investimento do PAC, dinheiro federal no valor de R$ 250 milhões, que está sendo investido pela prefeitura. O instituto calcula apenas investimentos do Estado e do Município.

Cuiabá tem resultado positivo

Enquanto Várzea Grande engatinha para melhorar o atendimento aos cidadãos e o tratamento de esgoto, Cuiabá apresentou índices positivos no ranking geral. A taxa de investimentos na ampliação e na melhoria da rede chegou a 85,51%, o quarto maior do país. Apesar de manter-se na mesma posição do ranking (67ª), a capital mato-grossense tem uma rede de distribuição de água que abrange 98,13% da cidade.

 

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