Comportamento

Tomar a vacina contra a covid não te libera da máscara? Pesquisador da UFMT responde

Estudo da UFMT explica porque existe a recomendação de manter a máscara mesmo após ser vacinado

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Tomar a vacina contra a covid não te libera da máscara? Pesquisador da UFMT responde
(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Tomar a vacina contra a covid-19 não te libera, ao menos imediatamente, de usar as proteções individuais contra o novo coronavírus. Não existe um tempo seguro para deixar de usar máscara facial e outras medidas. O ideal é que, enquanto houver cenário de pandemia, essas medidas sejam mantidas.  

O motivo é a maneira como organismo humano reage à presença de focos diferentes de corpos estranhos nele. Nosso corpo tende a se concentrar no combate a apenas um foco de bactérias, vírus e outros microorganismos por vez.  

Isso quer dizer que a pessoa que se vacinar já com a presença do Sars-Cov 2 no organismo, ou for infectada logo depois das doses vacinais, pode ter seu organismo  concentrado em combater somente um “problema” e ele pode ser, justamente, a vacina. 

É que as vacinas – em especial a CoronaVac, mais usada no Brasil – simulam uma infecção para que o próprio corpo produza anti-corpos. Assim, quando uma infecção real ocorrer, o organismo já está pronto. Mas isso não acontece se essa infecção real ocorrer muito cedo, antes de o corpo ter tido tempo para reagir a vacina.  

Logo, a proteção contra o vírus ficará comprometida, com grande potencial de a doença (a de verdade) se desenvolver.

Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

A avaliação está em estudo sobre doenças infecciosas, em preparação para publicação, do pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Alexandre Machado. Segundo ele, o risco de desenvolvimento da covid-19 pós-vacina pode ocorrer, principalmente, em casos assintomáticos e em incubação antes e mesmo da vacinação. 

“Embora os riscos sejam mínimos conforme os estudos têm mostrado, eles existem e, por isso, a necessidade de reforço das medidas de biossegurança durante a campanha de vacinação”, comenta o pesquisador. 

Crises sanitárias anteriores  

Esse comportamento do organismo humano não é novo, já havia sido identificado em crises sanitárias anteriores, por exemplo, durante a vacinação em pandemias de tuberculose, sarampo e gripe.  

O assunto vem sendo estudado pelo pesquisador Alexandre Machado há 16 anos. O ponto de partida foi a morte de várias crianças com tuberculose após vacinação.

Outra situação emblemática foi a morte de indígenas que tiveram o contato com sarampo durante a infância e que, depois de vacinados, já adultos, desenvolveram o sarampo vacinal.  

O pesquisador ressalta que outra hipótese negativa que pode ocorrer é o nascimento de  novas variantes dos vírus combatidos pelas vacinas, inclusive mais agressivas e que resistentes aos imunizantes. Neste caso, surge a possibilidade de um supervírus 

Vacinação na pandemia 

Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

Segundo Alexandre Machado, a vacinação durante a pandemia tem os seus riscos mesmo para as pessoas já vacinadas. Se o organismo delas ainda não estiver preparada para resistir ao desenvolvimento da doença, há chances de desenvolver um modo mais severo da covid-19. Por isso, a avaliação de que o organismo não atua em duas frentes diferentes de combate ao mesmo tempo. 

“O organismo humano começa a montar a defesa contra o vírus já no terceiro dia a partir da imunização. Nesse prazo, já é possível identificar a barreira contra o patógeno. Mas a pessoa pode ser infectada ou já estar com vírus antes da vacinação. Neste caso, o organismo vai direcionar a resposta imune protetora para o local da vacina, enquanto no sítio da infecção se tem tolerância, o que leva o vírus a se replicar mais”, explica o pesquisador.  

Ele afirma que isso explicaria a morte de algumas pessoas após tomar a primeira e até a segunda dose de vacinas: elas ainda estavam suscetíveis.

Os planos de imunização estadual, federal e municipal, trazem a recomendação de que a pessoa que contraiu a covid-19 seja vacinada somente 30 dias após o desaparecimento dos sintomas. 

O ideal antes de tomar a vacina, portanto, é que as pessoas passem pelo teste RT-PCR, considerado padrão ouro, para identificar se casos de incubação assintomática do novo coronavírus.  

“A proteção individual não deve ser relaxada após a vacinação. O recomendado é que enquanto estivermos na pandemia os cuidados sejam mantidos. Os riscos existem, mas são mínimos diante dos benefícios da vacinação em massa, pois além de proteger o indivíduo também ajuda a diminuir o contágio“, ele comenta.

Outra dica importante é não tomar vacina com sintomas gripais, estando com suspeita, o melhor é aguardar uns dias e se proteger. 

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