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Silval nega ter chamado ex-presidente do Intermat de “cagão”

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Silval nega ter chamado ex-presidente do Intermat de “cagão”

Ednilson Aguiar/O Livre

Silval Barbosa

 Silval presta depoimento nesta quinta-feira na 7ª vara criminal

O ex-governador Silval Barbosa negou ter chamado Afonso Dalberto, ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), de “cagão” nas negociações para a compra fraudulenta de um terreno no Jardim Liberdade. A área foi comprada por R$ 31,5 milhões, e parte do dinheiro foi desviado pelo grupo de Silval. 

“Nunca chamei o Afonso nem ninguém de cagão, acho que ele pensou que eu falaria isso naquela ligação, mas eu não falei”, disse, em depoimento à juíza Selma Arruda, da 7ª vara criminal de Cuiabá, na tarde desta quinta-feira (20). Ele afirmou ainda que nunca ameaçou nem intimidou ninguém.

No início do mês, Afonso Dalberto relatou à Justiça um diálogo inusitado ocorrido entre ele e o ex-governador. O ex-presidente do Intermat disse que estava receoso com relação aos problemas judiciais que a compra do terreno pelo governo do Estado traria – e efetivamente trouxe – a ele e tentou verificar todas as possibilidades jurídicas para o negócio.

Silval queria saber se o Intermat já havia preparado sua parte do processo, que envolveu ainda a Casa Civil, a Secretaria de Estado de Fazenda e a Secretaria de Estado de Planejamento, pois o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, já havia lhe dito que a desapropriação estava dentro da lei. Dalberto informou que, depois de analisar, juridicamente estava tudo certo e a resposta de Silval teria sido curta e grossa: “Viu. Isso eu já sabia, cagão”.

Cobrança de Piran

Silval afirmou, como já havia feito antes, que o objetivo do desvio na compra do terreno era pagar uma dívida com Valdir Piran. Segundo ele, Piran queria “insistentemente receber”. Ele não quis, no entanto, detalhar a origem dessa dívida e qual grupo político teria sido beneficiado com o empréstimo.

Ednilson Aguiar/O Livre

Silval cumprimenta a juíza Selma Arruda

Silval cumprimenta a juíza Selma Arruda

O ex-governador relatou ainda o episódio em que Piran foi até o Palácio Paiaguás cobrar o pagamento da dívida. “Ele chegou lá meio alterado, acho que tinha tomado muito remédio. Mas não teve agressão”, disse. “Falei ‘senhor Valdir, na hora que o senhor se acalmar eu lhe recebo e a gente conversa, nesse estado não tem como”, continuou. 

Já o relato do ex-secretário Pedro Nadaf sobre o caso é diferente. “Piran começou a falar que Silval era um pilantra, que não pagava. Ele então pegou uma cadeira e partiu pra cima de Silval que saiu correndo da sala, enquanto o Piran caiu no chão no meio da confusão”, contou.

O esquema

A quarta fase da Operação Sodoma investiga o desvio de R$ 15,8 milhões na desapropriação do terreno do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. A área pertencia à Santorini Empreendimentos Imobiliários, do empresário Antônio Rodrigues Carvalho, e foi expropriada em 27 de janeiro de 2014. Silval conta que instruiu o ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf para buscar uma solução à dívida de R$ 10 milhões com Valdir Piran.

Nadaf, por sua vez, articulou a desapropriação junto ao procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima. Eles, então, organizaram a dotação orçamentária com Arnaldo Alves, ex-secretário de Planejamento, Marcel Souza de Cursi, então secretário de Fazenda, e o ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) Afonso Dalberto.

Além da dívida com Piran, Silval confirmou que foram pagos R$ 200 mil ao jornalista Antônio Carlos Millas por uma extorsão praticada por ele contra o grupo do ex-governador – o dono do Centro-Oeste Popular ameaçava publicar denúncias de esquemas como este do Jardim Liberdade.

O ex-governador também confirmou que R$ 200 mil foram pagos ao empresário Alan Ayoub Malouf, do Buffet Leila Malouf, por uma dívida de sua cerimônia de posse em 2011. Segundo Silval, o total devido a Alan era de R$ 1 milhão e o restante foi pago com valores de outros esquemas que deverão ser detalhados em outras ações criminais. Ele já confirmou que R$ 150 mil vieram da desapropriação de outro terreno, na região do Lago do Manso, que é investigada na Operação Seven.

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