Ednilson Aguiar/O Livre
Silval: desvio em compra de terreno que já pertencia ao Estado foi para pagar contas
O ex-governador Silval Barbosa confessou que recebeu R$ 1,5 milhão da compra de um terreno na área do Lago do Manso por parte do governo. A desapropriação foi coordenada, segundo o ex-governador, pelo ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf em conjunto com o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima. No total, R$ 3,5 milhões teriam sido desviados.
Foi o segundo depoimento de Silval nesta semana. No primeiro, ele admitiu ter recebido cerca de R$ 7 milhões em propina da empresa Consignum, que gerenciava os empréstimos consignados dos servidores.
Dívidas de campanha
Nesta quarta, diante da juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal, Silval disse que a desapropriação superfaturada do terreno foi feita por R$ 7 milhões, e que o valor recebido por ele foi direcionado a pagar dívidas, de campanha e outras, que ele tinha pendente.
Dos outros R$ 2 milhões desviados, R$ 500 mil foram distribuídos a Nadaf, R$ 500 mil ao ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) Afonso Dalberto e mais R$ 150 mil ao empresário Alan Malouf. O ex-governador não soube precisar o destino dos R$ 850 mil restantes.
Em audiência da quarta fase da Operação Sodoma, Pedro Nadaf já afirmou que a dívida com o Buffet Leila Malouf era de R$ 1 milhão e que outros R$ 200 mil saíram da desapropriação do bairro Jardim Liberdade, investigada naquela ação penal.
Segundo Silval, o esquema investigado na Seven foi apresentado a ele por Nadaf, orientado pelo então procurador Chico Lima. “Nós tínhamos contas a pagar das mais diversas e ele me apresentou essa área”, disse.
O terreno pertencia ao médico Filinto Corrêa da Costa, cunhado de Chico Lima. Silval disse que o procurador “expôs tecnicamente como estava esse processo interno dentro do governo, até então tudo de forma legal”.
O objetivo da transação, contou o ex-governador, era pagar dívidas do grupo, como a que Silval mantinha com o empresário Alan Malouf: R$ 150 mil, referentes ao pagamento de parte de sua festa de posse. “O Pedro disse: dando certo essa desapropriação, vai dar pra gente ter o retorno e vai pagar esse compromisso aqui”.
Quem já confessou
O ex-presidente do Intermat Afonso Dalberto já revelou detalhes da desapropriação ilegal feita por meio do órgão. As áreas compradas seriam serem anexadas ao Parque Estadual Águas do Cuiabá. Dalberto contou à Justiça sobre como a Secretaria de Administração (SAD) teria sido usada para direcionar os recursos ao Intermat e acusou Pedro Nadaf, Chico Lima e Silval Barbosa de participação no esquema. Ele devolveu à Justiça R$ 579 mil.