Você já se perguntou por que algumas pessoas parecem ser naturalmente motivadas a praticar exercícios físicos regularmente, enquanto outras lutam para encontrar a tal força de vontade? Se você se encaixa mais no segundo grupo, não sinta culpa. A ciência afirma que o problema não é você, mas, talvez, a atividade que você escolheu.
Em sua tese de doutorado o doutor em Ciência do Desporto, Ingi Petitemberte Klain, se aprofundou sobre o tema. O estudo aponta que algumas pessoas experimentam essa motivação com mais facilidade porque os exercícios físicos que praticam suprem as três necessidades básicas de qualquer ser humano para encontrar a autodeterminação.
Autonomia: a necessidade de autonomia é ligada ao senso de liberdade, escolha e controle sobre as próprias ações. A prática de atividade física proporciona isso a alguns de nós. Essas pessoas sentem que têm naquele momento a oportunidade de escolher fazer algo que seja do seu interesse, ou seja, que lhes agrada. Quando essa necessidade pela autonomia é atendida, o “botão” da motivação é ligado no nosso cérebro.
Competência: a segunda necessidade atendida pela prática regular de atividade física é a de competência, ou seja, aquela sensação de que temos habilidade para lidar com desafios. Segundo o estudo, o ser humano tem uma tendência natural de buscar experiências que lhes permitam desenvolver e demonstrar competência. Então, quem encontra um exercício que proporciona isso, naturalmente, também se sente motivado a continuar.
Relacionamento Social: essa é auto-explicativa, não é? Todo ser humano está em busca disso. Quando encontram na prática de exercício físico um ambiente que promove interações positivas, cooperação e suporte mútuo, as pessoas se sentem mais encorajadas e motivadas a continuar.
A personalidade de quem ama atividade física
Em sua tese, o doutor Klain ressaltou estudos científicos que apontam que a personalidade também é um fator determinante para encontrar essa motivação para prática de atividade física. Pessoas naturalmente orientadas a tarefas podem encontrar essa autodeterminação de forma mais fácil.
Essas pessoas, geralmente, são aquelas sempre dispostas a aprender algo novo. Para elas, é mais fácil se adaptar às situações de desafio, logo, elas costumam se divertir mais – e, consequentemente, persistir – quando praticam exercícios físicos.
Para quem não tem uma personalidade assim, é mais comum que os desafios da atividade física soem como um aborrecimento. O resultado é aquela falta de motivação para continuar.
Como encontrar a motivação?
Se você se parece mais com esse segundo tipo de pessoa, ainda há esperança. O doutor Klain cita em sua tese estudos que revelam ser possível criar esse clima para motivação.
O ideal é que o foco da atividade física seja a melhoria pessoal e a evolução individual da pessoa. Quando o foco acaba sendo algum resultado externo ou normas impostas pela sociedade, fica mais difícil. Por exemplo: fazer atividade física para atingir um padrão estético pode ser menos motivador do que fazer a mesma atividade para conseguir passar num concurso público e ter o emprego dos sonhos.
Então, vamos lá. Vamos aplicar essas descobertas científicas na prática?
- Procure uma atividade que te proporcie uma sensação de que você está no controle das suas escolhas;
- Essa atividade também precisa fazer você sentir que está aprendendo algo novo;
- Se você puder compartilhar esses momentos com outras pessoas, melhor ainda;
- E não esqueça de se perguntar o real motivo pelo qual você está fazendo isso;
- Achou muito complicado? Procure um profissional de Educação Física que crie esse ambiente para você.
A motivação está ao alcance de todos e a ciência é um guia nessa jornada rumo a uma vida mais ativa e realizadora.
Quer ler mais sobre o assunto? A tese de doutorado do doutor em Ciência do Desporto, Ingi Petitemberte Klain, está disponível neste link.