A reportagem do LIVRE teve acesso à lista completa de números telefônicos de jornalistas, médicos, políticos e até de um desembargador que, segundo a denúncia do promotor de Justiça e ex-secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, foram grampeados clandestinamente por um grupo de policiais militares supostamente com o conhecimento do governador Pedro Taques (PSDB). A acusação, veiculada neste domingo (14) no programa Fantástico, da Rede Globo, sacudiu o noticiário político mato-grossense e provocou uma série de reações do governo estadual e de vítimas do esquema.

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O suposto esquema acontecia por meio da chamada “barriga de aluguel”, quando números de telefones de pessoas comuns, sem qualquer ligação com uma investigação, são colocados num pedido de quebra de sigilo à Justiça. Em Mato Grosso, os números teriam sido incluídos em um processo que investiga o envolvimento de policiais militares com o tráfico de drogas em Cáceres, no Oeste do Estado.

Em outubro de 2014, mês da eleição para Presidência e governos estaduais, foi incluído na lista o número de telefone de Vinicius Hugueney, secretário de Trabalho e Desenvolvimento Econômico de Cuiabá. Hugueney, que havia sido secretário-adjunto da pasta na gestão de Mauro Mendes, foi eleito vereador pelo PP no ano passado.

Também está na relação de grampeados a empresária Tatiane Sangalli, apontada como ex-amante de Paulo Taques, ex-chefe da Casa Civil, que deixou o governo nesta quinta (11), depois que a denúncia de Zaque vazou para a imprensa. No processo, ela é identificada como “Capanga da Fazenda Grendene”. Ao LIVRE, Tatiane disse que tomou conhecimento do caso quando foi procurada pela reportagem do Fantástico e se limitou a dizer que considera um absurdo ter sua vida espionada.

Na mesma época, aparece o telefone do advogado eleitoral José do Patrocínio. Nas eleições de 2014 ele defendia a chapa adversária (PMDB/PT) e o prefeito cassado de Várzea Grande, Wallace Guimarães (PMDB).

Em março de 2015, início da gestão Pedro Taques, foi acrescentado à lista o nome do jornalista José Marcondes (Muvuca), vulgo “Mumu”, de Eduardo Gomes Silva Filho, assessor do deputado Wagner Ramos, e de Romeu Rodrigues da Silva, assessor especial da Secretaria de Educação do Estado.

A jornalista Larissa Malheiros Batista, ex-comissionada da prefeitura de Várzea Grande e atual assessora da Polícia Militar, também foi alvo das escutas no mesmo período. O número de Larissa, que também já trabalhou na Casa Civil, aparece ao lado da qualificação: “Possível PM capanga”.

Em junho de 2015, foi a vez de Kely Arcanjo Ribeiro Zen, filha de João Arcanjo Ribeiro, que cumpre pena de 44 anos de prisão pela morte do empresário Rivelino Jacques Brunini e ficou conhecido como um dos maiores bicheiros do país. Servidores da Assembleia Legislativa também tiveram seus números interceptados, entre eles, Mario Edmundo Costa Marques e Carlinhos Bergamasco, já falecido. Este último, segundo o material, era casado com Gisele Bergamasco, que até março deste ano ocupava a função de Secretária Executiva do Comitê Estadual para Acompanhamento de Conflitos Fundiários.

Dois meses depois, foi incluído na lista o desembargador aposentado José Ferreira Leite, também identificado como suposto “capanga da Fazenda Grendene”. A reportagem falou com o desembargador, que disse desconhecer o motivo do seu nome estar entre os espionados. “Isso é surpreendente”, ressaltou. “É ilegal e nem sei ao certo o que dizer. Estou surpreso, mas não faço bom juízo”. Ele disse ainda que tomará as medidas cabíveis conforme o esclarecimento dos fatos.

Claudia Rodrigues de Gusmão, nomeada no início de 2015 como gerente de Inteligência e Contra Inteligência da Casa Militar, também teve sua linha grampeada. Nos registros oficiais, aparece como uma PM que supostamente auxiliava no transporte de drogas na região de fronteira.

No mesmo mês, agosto de 2015, o nome da deputada Janaina Riva apareceu pela primeira vez na lista. Ela recebeu o apelido de “Janair” e está ao lado de cinco médicos e do servidor comissionado Kembolle Amilkar de Oliveira, analista da vice-governadoria.

Confira abaixo a lista com os nomes grampeados no esquema chamado “barriga de aluguel”:

 

Obs: os números relacionados à investigação de tráfico de drogas foram ocultados pela reportagem por uma tarja preta

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