Política

Qual é o impacto da “frouxidão” judicial no combate ao crime?

Procurador Roberto Turin diz que as decisões do Judiciário podem afundar investigações e aumentar a sensação de impunidade

2 minutos de leitura
Qual é o impacto da “frouxidão” judicial no combate ao crime?
(Foto: Ednilson Aguiar / arquivo / O Livre)

O Judiciário tem sido criticado nos últimos anos por causa da flexibilização de prisões e da concessão de benefícios a investigados por crimes pesados. Agentes políticos de várias áreas reclamam que as decisões judiciais contribuem para a sensação de impunidade e difusão da violência. 

O procurador de Justiça Roberto Turin diz que a situação pode complicar o combate ao crime organizado. As operações policiais que investigam dependem do trabalho firme da Justiça para ter efeito prático. 

“É preciso ordem judicial para fazer as investigações, é preciso manter as pessoas presas. E às vezes você ganha uma aqui e perde outra lá na frente. Faz uma operação muito grande aqui, mas não consegue segurá-la no Judiciário, nosso serviço se perdeu. O combate ao crime organizado não é somente a operação material, ir lá e prender as pessoas”, afirma. 

LEIA TAMBÉM

Ex-coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o procurador de Justiça coloca a ação judicial entre os pilares da ação institucional para controlar a violência.  

A Justiça está ao lado de outros critérios como a operação policial de fato e a inteligência policial. Segundo Turin, a análise investigativa e o respaldo da Justiça seriam mais importantes do que o trabalho de ir a campo cumprir mandados de prisão e apreensão. 

“É preciso saber quem são os membros das fações, saber qual é o papel de cada um, senão nós trocamos 6 por meia dúzia. E a Justiça precisa apoiar as ações. É preciso cortar o fluxo de dinheiro, regulamentar as atividades comerciais que o crime organizado mais usa, porque eles movimentam dinheiro”, disse. 

A análise do procurador é que a pena tem função dupla: punir o criminoso e intimidar outras pessoas a não cometer crimes. No primeiro, a ação é direta e no segundo, indireta, ambas gerariam o efeito de controle social. Mas, quando a primeira função falha, a segunda caiu para a ineficácia, por tabela. 

Turin tem uma máxima para a legislação brasileira que hoje é percebida frouxa. “Eu brinco que o ramo do direito penal funciona muito bem justamente porque não funciona, fica lá de stand-by [de reserva]. Os historiadores do direito penal dizem que uma das funções da pena é intimidar. A sensação de impunidade favorece a qualquer crime”, comenta. 

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes