Sair do imóvel comercial e atender em home office pode representar mais aconchego aos clientes e, em contrapartida, menos privacidade ao profissional. Um dilema que muitas pessoas, como o nutricionista Gustavo Soares, estão enfrentando em tempos de pandemia.
Ele conta que com a redução dos atendimentos, o pagamento do aluguel tornou-se inviável, já que deixou de fazer 40 atendimentos semanais para dois. Uma situação que o pressionou a transformar a sala do apartamento dele, antes lugar de descontração, em consultório.
Assim, o espaço que era ocupado centralmente pela TV e pelo sofá, recebeu, em meios adaptados, a companhia da mesa, cadeiras, tabelas de calorias e instrumentos que dão ares de sala de médico ao ambiente.
Um projeto que já estava na mente do nutricionista, porém foi acelerado pela crise coronavírus, que pressionou a readequação do negócio.
“Eu tinha essa ideia faz tempo, mas sempre tive resistência. Mas, agora que entrei numa situação que preciso me adaptar à realidade da pandemia, resolvi reformar a sala e passar meu consultório para casa”, diz.
A negociação
Após ser informado dos reajustes do aluguel e condomínio no início da pandemia, Gustavo tentou negociar com o dono do imóvel, mas não obteve sucesso. Então, teve que iniciar a saída da sala onde ficou por mais de um ano.
O nutricionista diz que não foi apressado ao desocupar o prédio. Fez tudo de modo apropriado, sem pressão do proprietário.
“Eu achei que o dono do imóvel foi um pouco inflexível. Mas, já tinha sido bacana comigo antes, quando me deu abono no aluguel. Meu problema foi que a minha agenda de clientes caiu em poucas semanas. O valor não dava para pagar nem minhas despesas básicas”, Gustavo lembra.
Tensão na vizinhança
Os dias de mudança para Gustavo ainda devem continuar. Ele prevê que a transferência do consultório para o apartamento onde mora abrirá novas frentes com as quais precisará lidar.
O nutricionista diz que deverá negociar com a administração do prédio para ter autorização de atendimento e tem argumentos preparados para apresentar em sua defesa.
“Não vou ter problema de contaminação porque, no atendimento diário, não manipulo objetos contaminantes. Outra questão é a situação pandemia. Está todo mundo fazendo home office”, argumenta.
Gustavo sabe que terá que controlar a circulação de pessoas para não haver problema com outros moradores. A ideia é limitar o atendimento ao máximo de quatro pessoas por dia, duas de manhã e duas à tarde.