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Presidente da Famato fala sobre relação com outras entidades e política

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Presidente da Famato fala sobre relação com outras entidades e política

 

Ascom Senar

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 Normando diz sua intenção é trabalhar em conjunto com outras entidades do setor

Eleito para comandar a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) pelos próximos três anos, o pecuarista Normando Corral, conversou com O LIVRE sobre o futuro da entidade que representa mais de 33 mil produtores no Estado, líder da produção agropecuária no país. Ele assumiu a presidência em janeiro deste ano e, desde então, afirma buscar harmonia entre a federação e outras entidades do agronegócio para fortalecer o setor.

A Famato tem cinco décadas e, ao longo delas, sempre levantou bandeiras importantes do agronegócio, como o Funrural, a reforma trabalhista rural e a capacitação do trabalhador no campo. A federação também é conhecida como “Sistema Famato”, pois engloba o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais, e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), um instituto privado sem fins lucrativos que produz informações estratégicas do agronegócio.

O sistema abrange 90 sindicados rurais distribuídos pelo interior e capital. Na sede, mais de 40 funcionários mantêm o atendimento. O orçamento anual gira em torno de R$ 14 milhões e é aprovado em assembleia. O montante vem da Contribuição Sindical Rural paga anualmente pelos produtores. Confira abaixo a entrevista:

O LIVRE – Como a nova administração deverá trabalhar neste triênio?

Corral: Para atender as principais demandas dos nossos produtores, dividimos o Estado em dez regiões administrativas. Levamos em consideração a facilidade de acesso e também o perfil socioeconômico, pois é difícil a gente reunir em Cuiabá, onde fica a nossa sede, todos os presidentes dos sindicatos que representam os produtores com assuntos tão díspares conforme as regiões.

O LIVRE – Quantos são os sindicatos e como atender realidades tão diferentes?

Corral: A Famato representa 90 sindicatos. Para atender, é preciso uma regionalização e interiorização das ações da federação. Os problemas de um produtor de Brasnorte ou Juara, são diferentes dos que estão em Água Boa e Canarana, por exemplo. Se eu não conseguir agrupar isso, não vou conseguir resolvê-los. A aproximação e entendimento das diferentes realidades só irá acontecer se conseguirmos agrupar as demandas corretas, ter mais intimidade com os presidentes dos sindicatos e eles com a diretoria. Vamos fortalecer o diálogo e o olhar para o interior, onde se faz a produção agropecuária. Sem interesses políticos, a nossa intenção é resolver as demandas de quem está no campo. É assim que me propus a fazer o meu trabalho.

O LIVRE – Você falou em interesses políticos. Acredita que a federação já foi utilizada como trampolim político?

Corral: O que eu acredito muito é que a gente não pode deixar que os interesses de pessoas sejam maiores que uma classe toda. Se há outros interesses, o trabalho não vai para frente. E eu não tenho objetivos políticos.

O LIVRE – E a relação com as demais entidades do setor como a Acrimat, Aprosoja, Ampa? Havia um distanciamento nas gestões anteriores, você concorda?

Corral: Estou buscando um melhor entrosamento, e isso é uma tendência. O nosso Estado é muito diferente dos demais. Mato Grosso tem uma representatividade da produção agropecuária segmentada. Temos Aprosoja, Acrimat, Ampa, Acrismat, Ovinomat e por aí vai. Quando isso acontece, você acaba às vezes confundindo os papéis e gera uma disputa para ver quem representa mais o quê.

O LIVRE – Então não existe rivalidade?

Corral: Desde quando comecei a campanha, falei para todos da comunicação e para os demais que o convívio entre a federação e as associações teria que ser de harmonia. Desde o primeiro dia do meu mandato até o último, buscarei essa harmonia para que a gente não tenha sobreposição de ações. Isso gera desgastes não só de recursos, mas também de tempo. E é isso que estamos fazendo. Este é só o começo, e estou bem feliz.

O LIVRE – Mesmo com milhões de desempregos no país, uma das queixas mais comuns dos produtores é a falta de capacitação. Como o Senar/Famato estão trabalhando para mudar isso?

Corral: A mão-de-obra não é deficitária só no Estado, mas é deficitária no Brasil. Na área da produção rural, são empregados 53% dos analfabetos do país. Isso se torna um problema se a qualificação não chega. Hoje, aplicamos muitas tecnologias na pecuária, com o melhoramento genético, onde precisamos de cuidados específicos visando a intensificação dessa produção, e na agricultura de precisão, em que máquinas novas com bastante tecnologia embarcada exigem qualificações especificas. Se a gente não correr para qualificar esses operadores que tem baixo grau de instrução, nós não vamos conseguir tirar toda a produtividade daquelas máquinas, não vamos produzir tudo o que o nosso negócio é capaz. A Famato e o Senar estão instalando núcleos avançados de capacitação. A intenção é ir para o interior e capacitar cada vez mais interessados. Quanto mais as pessoas se capacitam, mais empregos melhores elas vão ter.

O LIVRE – Entre os temas polêmicos que a entidade tem defendido está o Funrural, como avaliam essa questão?

Corral: A Federação sempre foi contrária à cobrança desta tributação, e chegamos a ajuizar ações para os sindicatos rurais que se propuseram a entrar com mandado de segurança coletivo. Agora estamos acompanhando as discussões em torno da cobrança. O que também nos causou estranheza foi o fato da Confederação Nacional da Agricultura se posicionar a favor da decisão do Supremo, mas deixamos claro que somos contra qualquer cobrança neste sentido.  

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