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Posse de Silval foi paga com dinheiro desviado, diz Nadaf

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Posse de Silval foi paga com dinheiro desviado, diz Nadaf

Ednilson Aguiar/Secom

Posse Silval Barbosa

 Posse de Silval Barbosa no Centro de Eventos do Pantanal

O ex-secretário chefe da Casa Civil Pedro Nadaf confirmou que pagou uma dívida da cerimônia de posse do ex-governador Silval Barbosa (PDMB) com dinheiro desviado dos cofres públicos do Estado. A dívida com o empresário Alan Malouf, dono do Buffet Leila Malouf, era de R$ 1 milhão e R$ 200 mil e foi quitada com dinheiro desviado dos cofres públicos.

“O que eu ia recebendo da organização eu ia pagando despesas, e nesse caso destinei R$ 200 mil ao Buffet Leila Malouf”, afirmou Nadaf durante audiência na 7ª Vara Criminal de Cuiabá na última terça-feira (04). Essa parcela veio da compra do terreno do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, investigada na quarta fase da Operação Sodoma. Desapropriado pelo governo por R$ 31,7 milhões, o terreno rendeu R$ 15,8 milhões ao grupo liderado pelo ex-governador.

“O que eu ia recebendo da organização eu ia pagando despesas, e nesse caso destinei R$ 200 mil ao Buffet Leila Malouf”

Segundo o ex-secretário, o restante da dívida foi saldado também com dinheiro de outros desvios que são investigados em processos diferentes. Ele fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), homologado pelo ministro Luiz Fux do Superior Tribunal Federal (STF), no último dia 22 de junho. O acordo feito no âmbito da Operação Ararath segue em sigilo, e por esta razão Nadaf se manteve em silêncio sobre algumas questões de advogados das demais defesas durante a audiência.

Cobrança
Na gestão Silval, Pedro Nadaf confessou atuar como um organizador dos pagamentos irregulares. Ele relatou que foi procurado por Alan Malouf, que teria cobrado o pagamento com as despesas da posse. Nadaf disse ainda que procurou Silval, que confirmou a dívida e pediu que pagasse metade. A outra metade ficaria a cargo de Maurício Guimarães, afirmou o ex-secretário.

Guimarães chefiou a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e também foi adjunto da Casa Civil. Segundo Nadaf, ele participou da negociação para a posse de Silval e por isso, o ex-governador ordenou que arcasse com os outros R$ 500 mil. Contudo, Maurício teria pago somente R$ 50 mil a Alan Malouf e depois não teria atendido mais a ligações. O dono do buffet então procurou Nadaf, que acabou arcando com R$ 950 mil da dívida.

O ex-secretário contou que ele e Malouf eram apenas conhecidos de longa data, mas ficaram mais próximos durante seu tempo no governo. “Alan sabia que não iria emitir nota, que o Estado não tinha como pagar por meios oficiais”, afirmou Nadaf. Para ele, o empresário sabia que o dinheiro vinha de meios ilegais.

Ednilson Aguiar/O Livre

Pedro Nadaf

Pedro Nadaf em depoimento nesta terça-feira (4)

Lavagem
Pedro Nadaf também falou sobre valores lavados por ele e pelo ex-secretário de Planejamento Arnaldo Alves com o empresário do buffet. Segundo Nadaf, os dois secretários tinham dinheiro ilegal que precisavam legalizar: R$ 600 mil de Arnaldo e R$ 1,5 milhão de Nadaf.

Foram feitos contratos entre a NBC Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda, empresa do ex-secretário utilizada para lavagem de capitais, com as empresas Marcel Costa Cia. Ltda. e Martins D’Ambros Cia Ltda, de propriedade de Malouf. Os contratos serviam para dar lastro à transação feita entre eles.

Nadaf diz que entregou os contratos a Alan Malouf e recebeu ambos assinados. “Alan sabia que eu não iria prestar serviços, era um contrato simulado”. De acordo com o ex-secretário, o empresário pagaria uma porcentagem pelo valor “emprestado”, mas a transação nunca foi finalizada e ele não teria recebido o dinheiro de volta.

Outro lado
A reportagem tentou contato por telefone e mensagem com a defesa de Alan Malouf, mas não obteve resposta. Contudo, anteriormente, o advogado Huendel Rolim, responsável pela defesa do empresário, já afirmou anteriormente que ele não tinha conhecimento da origem ilegal do dinheiro e que já foi apresentada uma garantia real dos valores tomados a título de empréstimo. A defesa do empresário também afirma que Alan não teve contratos licitados com o governo do Estado.

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