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Policiais que atuam nas ruas são os que mais sofrem de ansiedade e depressão

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Policiais que atuam nas ruas são os que mais sofrem de ansiedade e depressão
Imagem ilustrativa (Foto: Ednilson Aguiar / arquivo / O Livre)

De acordo com levantamento da Diretoria de Saúde da Polícia Militar de Mato Grosso, entre janeiro de 2014 e agosto de 2018, foram registrados 629 casos de afastamento de policiais por transtornos mentais e comportamentais.

A pesquisa foi feita com base em atestados médicos inseridos no código F, da Classificação Internacional de Doenças (CID). Neste, estão compreendidos casos de ansiedade, depressão, transtorno de personalidade e dependência de álcool e outras drogas, por exemplo.

Segundo o coordenador de Assistência Social da PMMT, major Diego Tocantins, em 2014, foram 152 casos; em 2015, 151; em 2016, 122; em 2017, 119 e até agosto de 2018, 85. Ainda que o número seja menor no ano passado, se analisada a proporção, foi mantida a média de 10 casos de afastamento por mês pelo CID F, registrada em boa parte dos anos anteriores.

Entre as patentes com maior número de pedidos de afastamento estão, justamente, os profissionais que atuam nas ruas, como soldados e cabos. A ansiedade e a depressão costumam acometer muitos destes policiais, já que estão mais submetidos ao estresse da profissão. Expostos a situações adversas, que envolvem riscos à saúde e à própria vida, eles saem de casa, sem saber se vão voltar.

Mais graves, um caso de suicídio foi registrado em 2018 e outro no início deste ano. O mais recente ocorreu em março, quando, apesar de estar em tratamento contra a depressão, a subtenente Márcia Cristina Motta, que estava lotada no Batalhão de Trânsito da Capital, cometeu suicídio, com uma arma de fogo.

“Muitos têm problemas e não os expõem, mas a subtenente estava sendo acompanhada por psicólogo e psiquiatra, além de ter tido todo o apoio da família, pelo que temos conhecimento. Foi uma perda irreparável”, diz o major.

Foto: Divulgação

Tratamento

Levando em consideração o número da tropa em Mato Grosso – são cerca de 7,5 mil militares – e o de afastamentos por CID F, chega-se a um número menor que 10% dos policiais. Os dados de afastamentos podem ser considerados baixos, mas indicam um quadro de alerta. Por isso, investir em prevenção tem sido uma das prioridades da PM.

O major afirma que várias iniciativas vêm sendo desenvolvidas, voltadas especialmente, à prevenção e ao acompanhamento psicológico, com apoio de unidade de saúde, com profissionais da Coordenadoria de Assistência Social. Como o policial é encarado como um profissional que resiste ao tempo e às mais duras situações, muitos têm medo de expor o que estão sentindo por vergonha ou, ainda, por medo de serem considerados fracos e inadequados à corporação.

“Estimulamos os policiais a ficarem atentos ao companheiro ao lado. E caso detectem sintomas de depressão, de estimulá-los a procurar ajuda. A gente cria uma rede de apoio, sem contar a oferta de tratamento gratuito”, ressalta o major.

Tocantins afirma que a unidade de saúde para atendimento aos policiais, atua em regime de plantão.  Há assistente social, médicos, dentistas e psicólogos. Sobre concurso para contratação de novos profissionais da saúde, o major explica que não há previsão, mas que o Estado já está em tratativas.

Sobre a unidade de saúde localizada no Centro Político Administrativo, Diego Tocantins diz que a PM está trabalhando para descentralizar o atendimento a outros Comandos Regionais.

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