Produtor rural e ex-vereador de Alto Taquari (500 km de Cuiabá), casado e pai de duas filhas. Youtuber famoso, mas político, até então, desconhecido. Defensor ferrenho das ideias do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e dono de um visual bem distante do trivial.

Com chapéu de aba larga, barba por fazer e a língua afiada, Nelson Barbudo (PSL) se tornou o deputado federal mais votado por Mato Grosso. Com mais de 125 mil votos e um gasto declarado com a campanha de R$ 122 mil, ele é considerado um dos “fenômenos” das eleições de outubro de 2018.

Agora, dois meses após tomar posse na Câmara Federal, Barbudo fala sobre as dificuldades em legislar, as surpresas, o relacionamento com os colegas de bancada, o governo Bolsonaro, bem como sobre os desentendimentos com o deputado federal Carlos Bezerra (MDB).

Presidente regional do PSL em Mato Grosso, ele também aborda as eleições municipais de 2020 e a possibilidade de o assessor da Presidência da República, Victório Galli (PSL), ser candidato a prefeito de Cuiabá.

Confira as cinco perguntas que Nelson Barbudo respondeu para o LIVRE:

1 – Com dois meses de mandato na Câmara Federal, qual foi a maior dificuldade enfrentada pelo senhor até agora e o que o senhor classificaria como uma surpresa?

Nelson Barbudo – Para falar bem a verdade, a maior dificuldade é a sessão. A única dificuldade é na hora de legislar de fato. É tanta emenda, tanto rolo, eles emendam tudo, o líder corre lá e coloca uma emenda, o outro retira, se você não ficar atento, não sabe o que está votando. Essa foi a maior dificuldade que eu tive, só que eu tenho um assessor parlamentar que fica ao meu lado e me fala o que acontece em cada linha de voto que eu seguir. Sem esse interlocutor, você não sabe o que está votando.

Agora, o que eu mais gostei é o relacionamento com os colegas do Brasil inteiro, tenho uma amizade muito grande. Aversão à parte canhota, ao lado esquerdo do plenário, onde ninguém pode me ver, mas na parte direita fiz amizade com a turma de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins, eles pegam meu chapéu, brincam, é muito legal.

2 – A bancada de Mato Grosso tem apenas um deputado reeleito, como o senhor avalia o relacionamento entre os parlamentares e como é a relação do senhor com os colegas de Parlamento do Estado?

Nelson Barbudo – Eu sou uma pessoa muito reta. O único atrito que tem na bancada é entre mim e o [Carlos] Bezerra. Eu não me considero brigado com ele, mas não admito a pessoa, por ser mais velha, querer exercer a liderança tratando os seus liderados como cacareco. Tem que ter respeito. Claro que, quando o cara entra ele é inexperiente e, logo no começo, ele nos atacou e eu não gostei. Mas eu não tenho vontade de nutrir briga com ninguém, não é do meu feitio. Com os outros não tenho o mínimo de problema e, se ele passar a me respeitar, também não terei com ele.

Tudo começou por causa do Incra. O governo de Jair Bolsonaro disse que o Incra era do PLS e ele chegou e disse que o Incra era do MDB. Os ânimos se alteraram por isso. Eu falei que ele já estava há 30 anos liderando o Incra e ele disse: “como assim? Eu nunca tive nada com o Incra”. Ai eu não aguentei e falei: “não gosto de homem mentiroso, ainda mais com essa idade. Eu moro em Mato Grosso há 35 anos e o senhor vem falar para mim que nunca teve nada com o Incra, é me chamar de palhaço”.

Eu não devia ter chamado ele de mentiroso, mas ele deveria ter dito que queria se perpetuar no Incra, agora dizer que nunca mandou no Incra, daí não.

3 – Recentemente, Teté Bezerra (MDB), que é esposa de Carlos Bezerra (MDB), entregou sua carta de demissão do cargo de presidente da Embratur. Ela alegou que sua saída já estava acertada e que a alternância do poder é natural. Bolsonaro, por sua vez, disse que a demitiu em virtude de um jantar que ela teria contrato no valor de quase R$ 300 mil. Nos bastidores, foi ventilado que a saída dela foi motivada pelos desentendimentos de Bezerra com a bancada. O que realmente aconteceu?

Nelson Barbudo – Você acha que um cara que tem cargo no governo – o Bezerra tinha a Funasa, o Incra e a Embratur – vai falar que o presidente do Brasil é a “Dilma de calças” e vai ficar de graça? Não fica. Tem que ter coerência nas coisas. Vocês acham que o governo não tem um órgão monitorando o que sai na imprensa? Eu acho que tem.

Agora, se foi por isso, retaliação, eu não sei. Segundo o que falam, foi por causa de um jantar né, mas eu não sei, não tive participação. Na minha interpretação, foi por causa do jantar.

4 – O início do governo Bolsonaro foi marcado por idas e vindas, anúncios feitos por ministros desmentidos pelo presidente, declarações polêmicas. Qual o balanço que o senhor faz desses primeiros meses de gestão e como o senhor avalia a interferência que os filhos dele exercem no governo?

Nelson Barbudo – Eu sou suspeito em falar e ainda é muito cedo para avaliar, mas é muito boa pelo pouco tempo que ele esteve no exercício do mandato. A composição dos ministérios é muito boa, ele escolheu os ministros por meritocracia, sem politicagem. Foram 21 mil cargos cortados. Ele está retomando obras de estradas e rodovias que estavam paralisadas há 30 anos. A BR-163 vai ser concluída até dezembro, a duplicação da BR-364 está sendo olhada. Já enviou três reformas para o Congresso, não se visualizou nenhum ladrão no governo dele até agora, embora ainda seja cedo, os ministros estão moralizando os ministérios e os órgãos. Eu não sei porque não avaliar positivamente se as coisas que estão acontecendo são soluções, o que não existia com o governo anterior.

Agora, o envolvimento dos filhos é uma história muito complicada. É pai e filho, na minha opinião tem que ser separado. Nós todos achamos que os filhos não podem interferir na condição da Presidência da República. Claro que tem o fato da fraternidade, do amor, de um filho querer defender o pai, mas republicanamente não deve ter interferência do filho nas ações do pai na Presidência da República.

5 – Quanto ao PSL, como estão os preparativos do partido para as eleições municipais de 2020? O ex-deputado federal, hoje assessor da presidência Victório Galli, vai ser o candidato da legenda a prefeito de Cuiabá?

Nelson Barbudo – Estamos preparando as executivas nos 141 municípios do Estado, já temos 111 prontas e a nossa vontade é ter de 30 a 40 candidatos a prefeito. Em Cuiabá, a conversa minha, do Galli e da senadora Selma Arruda (PSL) é a seguinte: está bem? aparece nas pesquisas? apoiamos. Temos o acordo que ele poderá ser candidato, sim.

Agora, se estiver aparecendo com 0,5%, 0,1%, 0,3%, 0,8% das intenções de voto, daí não tem jeito, ou busca-se outro nome de consenso ou faz uma composição e ele entra de vice, mas se tiver bom nada impede.

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