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“Padilha tem que ser ouvido”, diz amigo de Temer

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“Padilha tem que ser ouvido”, diz amigo de Temer

Mayke Toscano/Gcom

Taques e Eliseu Padilha

 O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o governador Pedro Taques durante reunião

O advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República e amigo pessoal de Michel Temer, afirmou neste fim de semana que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tem de prestar depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato. Ele se colocou à disposição para uma eventual acareação com os envolvidos no episódio em que afirmou ter atuado como “mula involuntária” de Padilha.

Yunes procurou espontaneamente a Procuradoria-Geral da República para apresentar sua versão sobre as afirmações do ex-executivo da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que, em delação premiada, afirmou que ele recebeu R$ 1 milhão em espécie em seu escritório de advocacia em São Paulo – valor que, segundo Melo Filho, era parte da propina de R$ 10 milhões a ser repassada, a mando de Padilha, para o PMDB na campanha de 2014. Os recursos teriam saído do caixa 2 da empreiteira.

Após vir à tona a delação do ex-executivo, Yunes deixou o governo. Amigo do presidente Michel Temer, ele disse que recebeu, em setembro de 2014, um envelope do operador financeiro Lúcio Funaro – ligado ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, a pedido de Padilha. Yunes afirma desconhecer o que havia no “pacote”.

A PGR deve pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para apurar a conduta do ministro. “Ele [Padilha] tem que ser ouvido. Você não pode ficar se escondendo atrás da notícia porque isso gera muita especulação”, disse. “Acho que ele tem que esclarecer porque não tratou comigo de dinheiro nem nada”.

O ex-assessor da Presidência afirmou ainda que deu uma série de entrevistas nos últimos dias com o objetivo de esclarecer o episódio. Apesar de considerar que Temer deve estar “muito aborrecido com essa história”, Yunes disse não acreditar que ela será suficiente para a derrubar o chefe da Casa Civil – que tirou uma licença médica para se submeter a uma cirurgia na próstata. “Acho que não cai. E não deveria cair porque foi um episódio bobo”, afirmou. “Ele é um sujeito muito eficiente. Trabalha, é fiel e muito organizado. É muito útil para o presidente”.

Fazenda irregular
O ministro-chefe Eliseu Padilha, da Casa Civil, enfrenta outra questão polêmica enquanto tenta conduzir suas atividades no governo. A fazenda Paredão 1, de sua propriedade, foi incluída pelo Ministério Público em uma lista de 51 áreas rurais que ocupam irregularmente o Parque Estadual da Serra de Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, a 562 quilômetros de Cuiabá. Segundo o MP, as fazendas foram responsáveis pelo desmatamento de 19 mil hectares de áreas protegidas que abrigam espécies ameaçadas de extinção e algumas das mais belas paisagens de Mato Grosso.

Em janeiro, o procurador Luiz Alberto Esteves Scaloppe acusou o governador Pedro Taques de colocar a Procuradoria Geral do Estado (PGE) a serviço de “grileiros” e de ceder a interesses pessoais do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo ele, o governo age para impedir o processo de regularização fundiária e ambiental do parque. “O Estado tem por obrigação agir em defesa do interesse público. Mas, neste caso, o que vemos é a estrutura estatal sendo posta a serviço de particulares, como o ministro Padilha”, disse Scaloppe, na ocasião.

Em dezembro, por meio da PGE, o governo recorreu à Justiça e conseguiu suspender uma liminar que obrigava o Estado a concluir a implantação da unidade, criada no papel há 20 anos. O recurso foi proposto logo depois que a promotoria conseguiu o bloqueio de R$ 949,5 milhões em bens dos ocupantes irregulares, como forma de assegurar a recuperação de áreas degradadas no parque. “Durante certo tempo, o governo se mostrou favorável à regularização. Mas tudo mudou no momento em que começamos a mexer com interesses de gente poderosa”, disse o procurador.

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