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O que fez a carne brasileira ser rejeitada nos Estados Unidos

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O que fez a carne brasileira ser rejeitada nos Estados Unidos

Reprodução

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O secretário-executivo do Ministério da Agricultura (Mapa), Eumar Novacki, anunciou que o governo fará uma investigação para averiguar a qualidade das vacinas aplicadas nos animais cuja carne foi importada pelos Estados Unidos. Além disso, o Mapa pretende auditar os frigoríficos brasileiros que exportaram as carnes frescas, com objetivo de dar respostas ao governo norte-americano.

Em entrevista coletiva, Novacki disse ainda que um documento técnico será enviado às autoridades sanitárias americanas com informações da Secretaria de Defesa Agropecuária e procedimentos adotados depois da suspensão da importação da carne brasileira in natura por aquele país.

“O nosso produto é de qualidade e vamos demonstrar isso”, afirmou, lembrando que o Brasil exporta para mais de 150 países. “Mas é importante recuperarmos esse mercado, que serve de referência para outros países, e onde a competição é muito forte, muito dura”, completou.

Reações à vacina
O superintendente da Acrimat e médico veterinário, Francisco de Sales Manzi, alerta que muitas vezes o “caroço” formado pela aplicação da vacina é chamado erroneamente de abscesso. “Um abscesso normalmente é infeccioso, um acúmulo de pus devido a uma reação infecciosa e o que acontece com a vacina nem sempre é isso”, comenta.

O geralmente ocorre, segundo Manzi, é uma reação inflamatória devido ao diluente da vacina (hidróxido de alumínio). “Por ser oleoso, em alguns animais esse produto forma um aumento de volume na região, uma inflamação e não uma infecção”. Essa reação subcutânea, explica Manzi, deve ser retirada do animal durante a inspeção. “Se não retira, é falha da indústria frigorífica ou da inspeção federal que funciona dentro da unidade”.

Ednilson Aguiar/O LIVRE

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Na foto, exemplo de descarte de carnes com irregularidades durante o processo de abate nos frigoríficos

Na manhã da sexta-feira (23), a Acrimat emitiu nota e disse ser inaceitável esse tipo de ineficiência no serviço das indústrias frigoríficas brasileiras. As peças de carne identificadas com esse tipo de reação já estão condenadas por aspecto, explica Manzi.

O médico veterinário comenta ainda que as reações variam muito de fazenda para fazenda e que a aplicação ideal da vacina é na tábua do pescoço, onde o couro é solto e seria mais fácil injetar o produto embaixo da pele. Nessa região estão as carnes “menos nobres” e são justamente estas carnes – as da dianteira – que o mercado norte-americano importa do Brasil.

“Se a gente compra 10 veículos e um chega riscado, você
pode querer devolver tudo.
É um direito deles”

Para Manzi, a reinvindicação dos importadores, bem como do governo dos Estados Unidos é justa e a indústria brasileira deve ficar mais atenta no processamento da carne.

“Se a gente compra 10 veículos e um chega riscado, você pode querer devolver tudo. É um direito deles, a não ser que os números deles estejam errados”.

Segundo uma fonte do setor de fiscalização do Mapa, as primeiras reações identificadas nas carnes enviadas para os EUA não colocam em risco a saúde. “Mas é preciso checar o que causou a reação”.

A autoridade explica que na pele dos animais existem microrganismos e que quando não há uma assepsia adequada isso pode vir a causar uma infecção. “As bactérias entram no organismo animal por uma ferida na pele e por meio das agulhas durante a vacinação ou de instrumentos contaminados”.

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