De 2008 a 2018, a quantidade de mulheres grávidas e portadoras do vírus HIV cresceu 37% no Brasil. Os números, a princípio, podem parecer apontar para uma má notícia, mas a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde sustenta que não.
De acordo com o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Gerson Fernando Pereira, esse aumento se deve aos avanços no tratamento.
Não entendeu? É que a medicação controla a doença e evita que o feto seja infectado. Isso dá às mulheres portadoras do vírus mais possibilidades de realizar o sonho da maternidade.
“A aids, no passado, tinha uma mortalidade alta. Hoje, a pessoa infectada tem a mesma sobrevida de uma pessoa não infectada, desde que tome o medicamento. Mulheres que tomam o medicamento podem ter crianças por parto normal. Elas têm estímulo para engravidar”.
Hoje, em todo o país, mulheres grávidas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devem, obrigatoriamente, fazer o teste de HIV. Os casos positivos devem ser notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
De acordo com Pereira, a estimativa é que 86% das pessoas infectadas com o HIV estejam diagnosticadas e 78% estejam em tratamento. A meta é elevar ambas proporções para 90%.
O maior controle também contribuiu para o aumento dos números de grávidas portadoras do vírus. Em 2008, foram registradas 6,7 mil gestantes com HIV – pouco mais de 2 casos para cada mil nascidos vivos. Em 2018, esse número passou para 8,6 mil – quase 3 casos para cada mil pessoas.
Uma prova de que o país avançou no atendimento à gestantes, segundo o Ministério da Saúde, é a redução da chamada transmissão vertical do vírus, que ocorre, justamente, quando a mãe infecta o bebê durante a gestação, no parto ou na amamentação.
Essa taxa caiu de 3,6 casos a cada 100 mil habitantes, em 2008, para 1,9 mil casos, em 2018, o que corresponde a uma queda de mais de 47%.
Agora, o Ministério trabalha para zerar esses casos. Para isso, em parceria com Estados e Municípios, incentiva a formação de pessoal para a realização adequada do pré-natal.
No Rio de Janeiro, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, vinculado à Universidade Federal, é referência no atendimento a gestantes com HIV.
“Desde 2008, não nasce nenhum bebê com HIV aqui. A maternidade é a melhor maternidade pública do Rio de Janeiro”, ressaltou o diretor do hospital, Fernando Ferry.
(Com informações da Agência Brasil)