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No combate às facções criminosas

O Estado vem fazendo com louvor o seu papel; no entanto, a violência urbana é algo bem mais complexo

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No combate às facções criminosas
(Foto: Ednilson Aguiar / arquivo / O Livre)

Das mais suntuosas metropolis aos mais acanhados interiores, vilarejos, vilas, o Brasil vem se defrontando com ameaças difusas e complexas, as quais não consegue extinguir.

O desprezo pelos assuntos religiosos, a desconstrução familiar e a banalização dos valores morais, têm resultado num cenário onde a República, com orçamentos dispendiosos e moderna tecnológica parecem ineficazes e antiquados.

Porquanto, o tráfico ilícito de entorpecentes e os desdobramentos do narcotráfico subsistem a despeito de todos os esforços para erradica-lós. Rompendo, assim, o pretenso monopólio estatal do controle social, protagonizando os principais conflitos da atualidade.

As barbáries que haviam sido extintas pelo regime universal do direito positivo, estão agora retomadas pelos tribunal do crime e as disputas de dominações de territórios não definidos geográficraficamente tem ampliado de forma tangível e intangível a esfera de influência do crime organizado.

Milhares de jovens aguardam a oportunidade para ingressar na hierarquia dessas organizações clandestinas.

Seus principais líderes tornam-se populares ao acrescentar um falso apelo social às suas práticas criminosas.

No Estado de Mato Grosso, em 2024, o orçamento da Segurança Pública totaliza R$ 4,6 bilhões, com aporte de R$ 805,83 milhões com objetivo de proteger o cidadão com foco na prevenção criminal e repressão qualificada.

Somente nos últimos dois anos, foi registrado o prejuízo de mais de R$ 1 bilhão aos criminosos, ultrapassando a faixa de 50 toneladas de drogas apreendidas pelas forças de segurança.

No âmbito da repressão, a Polícia Judiciária Estadual de Mato Grosso realizou, somente em 2024, 263 operações de combate ao crime organizado.

Inegável que o Estado vem fazendo com louvor o seu papel, as políticas de Segurança Pública em Mato Grosso são eficientes.

No entanto, a violência urbana é algo bem mais complexo, decorrente da interação de um conjunto de fatores de diferentes ordens, complexos em si mesmos, que não podem ser dissociados uns dos outros.

O conjunto de práticas e procedimentos criminosos que estejam diretamente ligados a ações ostensivas urbanas de grupos armados organizados é apenas uma parte (muito importante) do problema.

Sem duvidas, o objetivo final do crime organizado é a obtenção de lucro financeiro e o narcotráfico tem edificado poderosas oligarquias observando ainda condicionantes econômicas, políticas e sociais. E é sob esse aspecto que acaba adquirindo um caráter ainda mais nocivo.

Assim como qualquer outra forma de guerra, o centro de gravidade das operações contra organizações narcoterroristas reside no apoio da população.

Segundo Bevin Alexander, “a única maneira de se acabar com uma insurreição está na remoção das condições econômicas e sociais nocivas que deram origem à revolta”.

Com isso, a mera execução de operações de combate repressivas, desacompanhadas de vigorosas ações nos campos do legislativo federal, nos campos sociais e econômicos, apenas tornará o conflito mais agudo em torno de si mesmo.

“O momento exige que os homens de bem tenham a mesma ousadia dos homens do mal”, diz Disraeli.

Portanto;

  1. Reestrutura do regramento legal;
  2. A Cooperação Internacional;
  3. Combate a lavagem de capitais;
  4. Intensificação das ações inter-agências;
  5. 5. Remoção do apoio da população ao crime.

É apenas o começo, muito ainda haverá de ser feito.

Mas, a realização só vem com a execução e “para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”.

Tiago Costa Gomes é tenente-coronel da Polícia Militar de Mato Grosso e comandante do Batalhão ROTAM da PMMT.

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