Principal

Na bancada de MT, só dois defendem que Temer siga na Presidência

6 minutos de leitura
Na bancada de MT, só dois defendem que Temer siga na Presidência

Dida Sampaio/Agência Estado

Em pronunciamento, Michel Temer diz que não renuncia

Em pronunciamento, Michel Temer disse que não vai renunciar à Presidência

Em entrevista ao LIVRE na tarde desta quinta-feira (18), cinco deputados e senadores da bancada federal de Mato Grosso defenderam a renúncia do presidente da República, Michel Temer, alvo de delação premiada do dono da JBS, Joesley Batista, na operação Lava Jato. Outros dois opinaram que Temer não deve renunciar. Quatro parlamentares – sendo dois do PMDB, partido do presidente – não foram localizados.

“Uma eleição direta leva seis meses para ser feita, e aí já será o fim do ano”

Na tarde desta quinta, Temer fez um pronunciamento para dizer que não renunciará. Pouco tempo depois, foram divulgados os áudios das conversas que o empresário gravou. As entrevistas foram feitas antes da divulgação do áudio permitida pela quebra de sigilo feita pelo ministro Edson Fachin.

‘Governabilidade’
“Ele foi muito enfático ao dizer que não tem culpa”, observou o senador Cidinho dos Santos (PR). “Se ele não tiver culpa e conseguir a governabilidade, seria bom que ele continuasse”, opinou. O deputado federal Victorio Galli (PSC) partilha da mesma opinião. “Quem não deve não teme. Se ele é inocente, deve continuar no cargo e esperar o resultado das investigações”, defendeu.

Se Temer sair do cargo, porém, Galli afirma que tem que ser seguida a Constituição Federal, que determina que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assuma a presidência interinamente e convoque eleições indiretas. Na eleição indireta, os 513 deputados federais elegem um novo presidente, para um mandato-tampão que durará até o fim de 2018.

“O Brasil já está sem rumo. Se desobedecer a Constituição, como fica? A eleição direta, neste caso, é inconstitucional. Então teria que mudar a Constituição Federal”, argumentou o deputado do PSC.

“O Brasil já está sem rumo. Se desobedecer a Constituição, como fica? A eleição direta, neste caso, é inconstitucional”

Cidinho, por sua vez, defende que, no caso de Temer cair, a linha sucessória seja pulada e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármem Lúcia, assuma a Presidência interinamente e organize a eleição indireta. A ministra é a terceira na linha de sucessão, atrás de Maia e do presidente do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-CE).

Renúncia e grandeza
O senador José Medeiros (PSD) é favorável à renúncia. Falando ao LIVRE antes da divulgação dos áudios, ele disse que as gravações seriam determinantes. “Se esses áudios saírem, eu espero que o presidente possa, ao contrário de Dilma, ter um gesto de grandeza e entregar o cargo para que o país siga sua vida”, opinou. 

Medeiros defende que se pense nos impactos para o todos os setores do país. “Tem quase 20 milhões de desempregados, e a economia depende totalmente de uma trajetória mansa e pacífica da política brasileira.”

Do lado dos favoráveis à renúncia de Temer também estão os deputados Adilton Sachetti (PSB), Ezequiel Fonseca (PP), Ságuas Moraes (PT) e Nilson Leitão (PSDB). Por meio de nota, o tucano afirmou que a renúncia de Temer vai “permitir que a estabilidade seja reestabelecida nesse momento tão crítico do país. Mesmo entendendo a melhora da economia e do emprego, é necessário estancar a crise imediatamente.”

Além de defender a renúncia, Leitão compartilha da tese de Cidinho sobre a linha sucessória e quer que Cármem Lúcia assuma a Presidência para conduzir uma eleição indireta. Outro deputado favorável à renúncia que quer eleições indiretas é Sachetti. “Uma eleição direta hoje leva seis meses para fazer, e aí já será o fim do ano. O presidente fica por pouco tempo, e eu acho que não vale a pena”, opinou. “Sou favorável de que o mais rápido possível se resolva isso, mas dentro do que a Constituição prega”, concluiu.

“Tem quase 20 milhões de desempregados, e a economia depende totalmente de uma trajetória mansa e pacífica da política brasileira”

Já os deputados Ezequiel e Ságuas defendem novas eleições diretas. “Queremos diretas já. O PT definiu por lançar o Lula como candidato, e a população é que tem que escolher o novo presidente. Por isso, defendemos as eleições”, disse o petista.

Para Ezequiel, com os presidentes da Câmara e do Senado na mira da Lava Jato, uma eleição direta é a única saída. “De outra forma, não teremos um governo legítimo”, acredita. Defensor das eleições diretas, Medeiros já começou a articular para que seja votada uma mudança na Constituição para permitir a realização eleições diretas logo. Hoje, as mudanças na legislação só podem ser feitas pelo menos um ano antes das eleições.

“Quando quer, se faz tudo. É só papel. Se tiver vontade política, se transforma pau em pedra e pedra em pau”, disse. “Já existe uma PEC do senador José Reguffe tratando das eleições diretas em casos como o que vivemos agora e que já pode nos dar um norte. Vamos adequar o texto, preparar algumas emendas e levar a propositura para plenário.”.

A reportagem também tentou contato com o senador Wellington Fagundes (PR) e os deputados Fábio Garcia (PSB), Carlos Bezerra (PMDB) e Valtenir Pereira (PMDB), mas eles não atenderam às ligações. 

Ednilson Aguiar & Agência Câmara

Bancada MT a favor ou contra

 Bancada de Mato Grosso. Dois são contrários a renúncia de Temer. Cinco são a favor

(Com reportagem de Laíse Lucatelli, Gabriele Shimanoski e Mikhail Favalessa)

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes