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Mulheres conquistam espaço nas lavouras

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Mulheres conquistam espaço nas lavouras

Arquivo pessoal

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 Cheime Santos confere atentamente a semeadura do algodão em Sapezal

Acordar às 5 horas da manhã, arrumar o cabelo, passar batom e operar uma colheitadeira. Essa rotina, vivida pela operadora de máquinas Cheime Santos, em Sapezal (473 km de Cuiabá), já foi uma raridade nas lavouras de Mato Grosso.

Hoje o cenário é bem diferente: as mulheres são maioria nos cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Mato Grosso (Senar-MT). Na modalidade de Ensino à Distância (EAD), elas representaram 54% das mais de 11 mil pessoas que concluíram os estudos em 2016.

Marley Siqueira é um exemplo dessa emergente força de trabalho no campo: no ano passado, concluiu o curso de operação de máquinas agrícolas. Entre os 25 alunos de sua turma, era a única mulher. “No início, sempre surge um preconceito, mas, no dia em que dirigi uma máquina pela primeira vez, todos ficaram perplexos. Você precisava ver a cara deles”, conta.

Hoje, ela ajuda o pai na lida diária, opera pulverizadores e colheitadeiras, além de incentivar outras mulheres a seguir o mesmo caminho. “Depois que fiz o curso, outras amigas se interessaram pela profissão.”

Cheime Santos, por sua vez, faz questão de estar sempre arrumada e cuida com carinho das máquinas de mais de 20 toneladas, as quais chama carinhosamente de “bebezões”. Em seus vídeos na internet, ela declara amor pela vida no campo e divulga o potencial agrícola do Estado. Nesta época, por dia, ela chega a semear 75 hectares de algodão.

Arquivo pessoal

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Marley Siqueira durante curso no Senar com um dos primeiros tratores que dirigiu 

Multitarefa
Para o superintendente do Senar, Otávio Celidonio, essa tendência era esperada. “Elas estão participando cada vez mais do agronegócio, que deixou de ser uma atividade tida como exclusiva dos homens”, opina.

Os cargos de gestão e liderança ainda são os mais procurados, mas, segundo o superintendente, a presença das mulheres também é constante nas funções operacionais.

Segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, as mulheres do campo são responsáveis por quase metade da renda familiar (42,4%) -valor superior ao das que vivem nas cidades (40,7%).

A psicóloga Márcia Goulart afirma que as mulheres têm características que favorecem trabalhos que exigem maior nível de atenção e tarefas simultâneas. “As mulheres prestam atenção aos mínimos detalhes e tendem a ser mais cuidadosas com as máquinas”, diz.

Esses fatores, na opinião da psicóloga, hoje superam o preconceito no momento da seleção para postos de trabalho. “No início, o produtor ainda fica receoso em contratar uma mulher, mas isso acaba tão logo os resultados começam a aparecer.”

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Liderança
As mulheres também buscam espaço nas entidades que representam o setor agrícola. Dos 90 sindicatos rurais de Mato Grosso, cinco são comandados por mulheres. É o caso do município de Campo Novo do Parecis, que tem a produtora rural Giovana Velke como representante dos produtores.

Ela começou como coordenadora do sindicato local, depois foi tesoureira por três anos, ocasião em que trabalhou na organização da maior feira de tecnologia e negócios do setor, a Parecis SuperAgro -que movimentou cerca de R$ 300 milhões entre 2015 e 2016.

Os bons resultados a levaram a ser eleita presidente em 2015. Empossada, levou consigo outras outras seis mulheres para a entidade. “Nosso sindicato é o mais feminino de Mato Grosso”, comemora.

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