Política

MP diz que policiais militares denunciados por assassinatos formam uma milícia

Denúncia diz que crimes ocorreram desde ao menos 2017 e todos têm algumas características em comum

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MP diz que policiais militares denunciados por assassinatos formam uma milícia
(Foto: Ednilson Aguiar / arquivo / O Livre)

O Ministério Público de Mato Grosso (MPE) diz que os 68 policiais militares denunciados por assassinatos em série formam um grupo de milícia. Eles trabalhariam com a estratégia de forjar suspeitas de assalto para atrair bandidos para emboscadas. 

Além dos 68 militares, foi denunciado um segurança particular que teria ajudado a forjar as suspeitas crimes. A milícia é um grupo paralelo das Forças Armadas que agem por conta própria e formam uma espécie de poder paralelo ao estado. 

 O MP diz que essa característica pode ser atribuída aos policiais militares pela estratégia de ação, com repetidas etapas em diversos casos, e pela quantidade de mortes que ocorreram em supostos conflitos policiais e que a investigação identificou como emboscadas. 

Modo de agir 

Segundo a denúncia, as investigações que um segurança/vigilante passava a informações para criminosos sobre “lugares com fácil acesso e lucro” para que fossem assaltados. As pessoas cooptadas eram interceptadas por viaturas da Polícia Militar no trajeto até o local. No conflito, os suspeitos de tentativa de crime eram mortos pelos milicianos.  

Os investigadores apontam 6 casos, entre 2017 e 2020, como exemplos de fatos semelhantes nas abordagens policiais. Vinte e três pessoas teriam morrido nesses confrontos e 9 teriam conseguido fugir. 

Os boletins de ocorrência tinham informações semelhantes também. Os policiais que fizeram a abordagem diziam que receberam a informação anônima de suspeita de assalto. E a PM conseguir interromper a tentativa de assalto. 

Em alguns casos, havia vários disparos de arma de fogo de grosso calibre. Porém, segundo a denúncia, os tiros teriam sido disparados somente da direção dos policiais para a dos bandidos. E sempre haveria um carro de apoio aos bandidos que escapava. Em quatro casos, esse carro foi registrado no B.O com as mesmas características. 

“Constata-se todos ingredientes de uma cultura que vem se consolidando em parte da força policial militar de Mato Grosso, se notabilizando pelo uso brutal da violência letal, em verdadeiras execuções sumárias travestidas de “confrontos”, sob o manto da farda e da conivência de superiores hierárquicos, em que milicianos se valem do aparato estatal”, diz trecho da denúncia. 

Aumento dos assassinatos 

Conforme o Ministério Público, a quantidade de mortes em confronto policial subiu 74% em Cuiabá e Várzea Grande, entre 2020 e 2023. No primeiro ano da série, foram 128 mortes e em 2023 foram 223. A alta elevou para mais de 1 assassinato por policiais a cada 3 casos. 

Os dados levaram o Ministério Público e deflagrar a Operação Simulacrum em 2022 para investigar indícios de manipulação de casos pela Polícia Militar. Na semana passada, foram publicadas 6 denúncias contra os 68 policiais suspeitos e um segurança particular. 

Assinam as denúncias os promotores de Justiça César Danilo Ribeiro de Novais, Jorge Paulo Damante Pereira, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, Samuel Frungilo e Vinicius Gahyva Martins.

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