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Militares retiraram animais da floresta para criar o primeiro zoológico de Cuiabá

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Militares retiraram animais da floresta para criar o primeiro zoológico de Cuiabá

Tyaraju Henriques

Zoológico militar

O contato com os animais era mais fácil no zoológico do 9ª Bec, dizem os antigos frequentadores

Uma série de mistérios e incertezas marca a história do primeiro zoológico de Cuiabá, criado pelo Exército Brasileiro nos anos 1970, durante a instauração do 9ª Batalhão de Engenharia e Construção em Cuiabá. O local tornou-se espaço de lazer para os cuiabanos e era aberto à visitação.

Ana Bianchi guarda com carinho as fotografias que o pai fazia dela, durante as visitas ao zoológico. “Eu ia todos os finais de semana com meu pai, porque a gente morava ali no Boa Esperança e lá funciona aos sábados e domingos”, conta ela.

Memória positiva sobre o zoológico é o que não falta. Os civis que trabalhavam no batalhão enchem o zoo de elogios. “Eu trabalhava no setor de contabilidade do Exército. Eu era datilógrafa. Era uma coisa bem arrumada, os animais eram muito bem tratados e a estrutura era muito boa.”, diz Miriam Petrenko, que hoje mora em Terra Nova do Norte.

Não há muitas informações oficiais sobre o zoológico militar. Sua data de criação é incerta. Mas é provável que ele tenha sido construído em paralelo com a BR-163, em 1971, sob o comando do coronel José Meirelles.

Tyaraju Henriques

Zoológico militar

Parte dos animais do zoo militar foi para a UFMT

Outra dúvida que paira sobre o zoológico é a falta de informações sobre a procedência dos animais. Meirelles teria sido o responsável por ordenar o traslado dos bichos da floresta para Cuiabá, onde foram construídos os cativeiros.

“Eles pegavam na mata. Esses animais vinham aqui da Floresta Amazônica. Porque eles estavam abrindo as estradas e traziam esses animais, vinha tudo para cá para o 9º BEC. A maioria era da BR-163, o coronel Meirelles era o comandante disso tudo, ele que dava ordens para trazer os animais para o batalhão”, enfatizou o historiador Aníbal Alencastro.

“Meu pai nos contava que esses animais eram encontrados machucados na BR e eram tratados. Alguns se recuperavam e eram soltos novamente na natureza. Já os que não se recuperavam e não tinham condições de voltarem, eram levados a sede para serem cuidados e tratados no zoológico”, contou Tyaraju de Oliveira Henriques cujo pai trabalhou na construção da BR-163.

Meirelles, que faleceu em 2012, também foi prefeito de Cuiabá nos anos 90. Ele comandou o 9ª BEC de 1971 a 1973, quando coordenou a construção do trecho de 1.100 quilômetros da rodovia, entre o Posto Gil e a Serra do Cachimbo, no Pará.

Ana Bianchi/Arquivo Pessoal

Zoológico militar

A proximidade com os animais atraía mais gente para o zoológico

Nesse trecho, antas, pacas, veados, emas, jacarés, jabutis e onças teriam sido pegos. A discussão sobre o zoológico militar gira em torno do conforto dos animais. Para àqueles que visitavam o local o bem estar dos bichos era visível.

“Eu tenho melhores lembranças do zoológico do 9ª BEC, do que do zoológico da UFMT. Lá a gente tinha mais contato com os animais e eles eram bem melhores tratados”, conta Ana Bianchi, que visitava o zoo aos 7 anos de idade.

A reportagem do LIVRE entrou em contato com o setor de Relações Públicas do Exército Brasileiro para saber mais detalhes sobre a história do zoológico e entender a procedência dos animais que ali estavam confinados. Mas até o fechamento desta matéria não recebemos resposta.

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