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Mato Grosso vive em uma bolha econômica?

Crescimento do Estado bem acima da média brasileira chama a atenção, mas não o protege contra intempéries

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Mato Grosso vive em uma bolha econômica?
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

A economia de Mato Grosso virou 2022 com números mais expressivos que o país e entrou neste ano com projeção de manter o ritmo. 

  • A quantidade de pessoas desempregadas é a metade do restante da maioria dos estados; a taxa baixa coloca o estado na perspectiva de entrar no nível de pleno emprego. 
  • A economia de Mato Grosso cresceu na casa dos 13% em 2022, enquanto a média nacional ficou em 2,9%. Para este ano, a projeção continua semelhante à de 2022. 

Todos os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O cenário favorável leva ao questionamento de se o Estado vive em uma bolha econômica. O que explicaria os dados econômicos bem acima do restante do país. Mato Grosso não é o único no país a viver esse momento, outros estados estão a caminho do pleno emprego. 

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O economista Eber Capistrano Martins diz que o conceito de “bolha econômica” não é adequado para explicar a situação de crescimento de Mato Grosso.  

“A ideia de bolha seria de que um Estado, neste caso, um país está protegido contra as intempéries da economia. Aquilo que acontece no restante do país, do mundo não afetaria quem está dentro da bolha”, diz. 

Ele explica que Mato Grosso não tem nenhum mecanismo na economia que o protegeria contra mudanças no mercado. A crise poderia entrar pelo caminho que a produção do agronegócio sai do país, o agronegócio. A tensão de guerra entre os países em guerra pode afetar as negociações. 

“A guerra [entre Rússia e Ucrânia] ainda não acabou. É preciso ficar de olho na aproximação da China [principal cliente dos produtores rurais de Mato Grosso] com a Rússia. Isso pode afetar o mercado aqui”, afirma. 

Setor em pré-aquecimento 

Os economistas dizem que a situação de pleno emprego não significa que todos em Mato Grosso estão empregados, mas que a população economicamente ativa está, na grande maioria, no mercado de trabalho; e se trocar de emprego para outro ficará um curto prazo desemprego. 

A tendência é que o movimento permanece no restante do ano. Segundo Éber Capistrano, no varejo o aquecimento econômico deve começar em abril, para as estimativas de 2023. 

O setor começa a se preparar para as datas comercialmente impulsora. A temporada é aberta pelo Dia das Mães, passa pelo Dia dos Namorados, em junho, e entra no segundo semestre aquecida. 

Lastro do agronegócio 

Os analistas afirmam que o cenário que coloca Mato Grosso no cenário atual começou a ser formado anos atrás e passa pelo aumento da produtividade do agronegócio. 

“Isso não quer dizer que o agronegócio é o único nem o setor que mais contrata. Mas, se o valor de produção do agro aumenta, o PIB (Produto Interno Bruto) de Mato Grosso aumenta e isso gera investimentos. Se há investimento, é necessário mão de obra”, explica o economista. 

O IBGE estima que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Mato Grosso ultrapasse R$ 204 bilhões ao fim deste ano. A quantia representa 16% de tudo o que for produzido pelo setor no país. 

Foto: Secom

Isso significa que Mato Grosso atingiu uma proporção de países na produção do agronegócio. No ano passado, por exemplo, ficou à frente da Argentina. 

“Quando se fala em produção de alimento no mundo, o Brasil é o maior país, dentro do Brasil, Mato Grosso é o maior. Se Mato Grosso fosse classificado como país, ele teria a terceira a maior produção no mundo”, comenta a economista.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (CDL-MT), Célio Fernandes, diz que o cenário não impediria Mato Grosso de ser afetado por eventual crise, mas retardaria os efeitos a chegar no estado.

“Há dados de recessão mundial. Se a economia piora outros setores deverão ser afetados e daqui um ou dois anos, a economia será outra. Os mesmo sinais começariam a aparecer em Mato Grosso daqui três ou quatro anos”, afirma.

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