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Mais da metade dos alimentos industrializados brasileiros recebe adição de açúcar

Estudo é o primeiro a estimar a quantidade de açúcar de adição de alimentos industrializados no Brasil

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Mais da metade dos alimentos industrializados brasileiros recebe adição de açúcar

A adição de açúcar em alimentos industrializados no Brasil ainda não é informada nos rótulos destes produtos. Motivados por essa falta de informações, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), desenvolveram um método para estimar a quantidade de açúcar adicionado a alimentos industrializados no país e estimaram que 65% dos produtos analisados têm adição de açúcar. A pesquisa foi realizada em parceria com pesquisadores do The George Institute for Global Health, na Austrália, e da Universidade de Hong Kong e divulgada em artigo publicado na revista “Food Research International”.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores do Núcleo de Pesquisas de Nutrição em Produção de Refeições (NUPPRE) analisaram os rótulos de quase 5 mil alimentos embalados, abrangendo todos os alimentos disponíveis para compra no momento da coleta de dados, como biscoitos, pães, sucos, produtos lácteos, entre outros.

“Encontramos uma frequência alta de uso de açúcar também em alimentos salgados, como hambúrgueres, salsichas e carnes processadas”, analisa Tailane Scapin, doutoranda em nutrição da UFSC e principal autora do estudo.

O método proposto é organizado em uma sequência de oito etapas e envolve a análise da lista de ingredientes do produto e do teor de carboidratos dos alimentos. Quando os critérios da etapa anterior não são atendidos, parte-se para a etapa seguinte. Se a embalagem de um produto indica a quantidade total de açúcares (informação ainda voluntária no Brasil), por exemplo, e não contém alimentos que naturalmente possuem açúcar, como frutas ou leite, atribui-se que 100% dos açúcares totais indicados na embalagem são açúcares adicionados. No caso dos produtos sem indicação de açúcares totais, o cálculo pode ser feito baseado na comparação com variedades não adoçadas do mesmo produto.

Para validar a metodologia, os pesquisadores usaram rótulos de alimentos dos Estados Unidos, único país, até o momento, a declarar açúcares totais e adicionados. Eles compararam o valor de açúcar encontrado nos seus cálculos com o valor real indicado nestes rótulos.

“As taxas de acerto mostraram que o método é preciso e confiável para estimar os açúcares de adição quando esta informação não está notificada no rótulo do alimento”, conta Tailane.

Saber quais são as categorias de alimentos industrializados que possuem açúcar de adição pode ajudar na elaboração de políticas públicas para que a indústria reformule seus produtos e para que as informações passem a constar nos rótulos.

Hoje, no Brasil, apesar de se conhecer os efeitos negativos do consumo excessivo de açúcar para a saúde humana, as informações quanto ao total de açúcar adicionado em produtos industrializados ainda não são obrigatórias nos rótulos dos alimentos, não cumprindo com o dever de direito à informação ao consumidor.  A nova legislação de rotulagem nutricional de alimentos aprovada pela Anvisa em outubro de 2020 prevê esta informação nos rótulos de alimentos brasileiros a partir de outubro de 2022.

Fonte: Agência Bori

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