Principal

João Emanuel alega prejuízo de US$ 1 milhão

5 minutos de leitura
João Emanuel alega prejuízo de US$ 1 milhão

 

Ednilson Aguiar/O Livre

João Emanuel e Selma Arruda

O ex-vereador João Emanuel em entrevista rápida à imprensa após audiência: ele segue preso no Centro de Custódia da Capital

O advogado e ex-vereador João Emanuel alegou ser vítima do esquema de estelionato apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE) no Grupo Soy. Em depoimento à juíza Selma Arruda nesta terça-feira, durante audiência na 7ª Vara Criminal, ele disse ter sofrido um prejuízo de mais de US$ 1 milhão. Por se encontrar na posição de réu, o ex-vereador não é obrigado a dizer somente a verdade à Justiça.

João Emanuel, que está preso há sete meses no Centro de Custódia da Capital, afirmou ter sido enganado pelo também empresário Walter Dias Magalhães, presidente do Grupo Soy, que foi desmontado pela operação Castelo de Areia. Para que a operação parecesse viável, Emanuel alega que Walter “demonstrava” patrimônios de 53 bilhões de libras e 25 bilhões de euros.

“Ele convenceu até uma magistrada de que eu queria matá-la, de tão leviano que ele é”, defendeu-se. Ele afirmou que as acusações contra ele, admitidas pelo MPE a partir de uma delação premiada do empresário, foram apenas uma forma de Walter tirar da cadeia sua esposa, Shirlei Aparecida Matisuoka, que também é acusada no esquema.

Ele afirmou também ser vítima de perseguição pela juíza. “Esse regime de exceção vai passar. Isso é só um momento que o Brasil está passando. Espero que a toga não seja utilizada como trampolim político, que ela seja utilizada apenas para julgar”, disse o ex-vereador, que já foi condenado a 18 anos de prisão pela magistrada.

“O país está vivendo um momento de negativas. Aqui no Estado nós tivemos justamente dois que conseguiram sair da cadeia por meio de Habeas Corpus (HC), que foram o advogado Faiad e recentemente o secretário Arnaldo. Então, nós estamos basicamente todos lá com os HCs negados. Mas eu acredito que é um momento do país, a ditadura passou e isso também vai passar”, afirmou João Emanuel.

Ednilson Aguiar/O Livre

João Emanuel e Selma Arruda

 

Advogado de US$ 5 milhões
Durante a audiência, o ex-parlamentar disse que tinha contratos advocatícios com Walter de US$ 1 milhão ao ano, em um período de cinco anos. Segundo ele, o valor seria pago por trabalhos como atendimento a sojicultores e seus advogados, atuação como advogado em ações trabalhistas da empresa, além de administração das dívidas da empresa e de Walter Magalhães.

Além do prejuízo do contrato, João Emanuel afirmou que perdeu mais R$ 400 mil. O valor seria referente a um financiamento feito por ele, seu irmão Lázaro Moreira Lima e seu pai Irênio Lima Fernandes, todos réus, para o pagamento de um veículo dado por Walter como garantia de quitação dos honorários advocatícios. O valor também não teria sido pago pelo empresário.

O promotor de Justiça Samuel Frungilo qualificou a versão do ex-vereador como “surreal”. “As histórias que estou ouvindo nesta tarde parecem saídas de uma literatura fantástica”, disse Frungilo mais tarde, durante a oitiva de outro réu, o empresário Marcelo Melo Costa.

Quanto ao suposto falso chinês que teria sido utilizado para ludibriar as vítimas do esquema, João Emanuel afirmou que ele era, de fato, chinês. O ex-vereador afirmou desconhecer o primeiro nome brasileiro de Mauro Chen Guo Quin até o momento em que a juíza Selma trouxe a seu conhecimento, mas se contradisse durante a audiência.

Ele tentou explicar que o sujeito falava as frases em português, mas por não ser fluente as finalizava em inglês, obrigando João Emanuel a corrigi-lo. “Então eu falava, ‘não, Mauro, é assim que se fala’”, disse antes de ser interpelado pela juíza. “Ah, então o senhor sabia o primeiro nome dele?”, questionou Selma. Que foi rebatida por João Emanuel: “Eu digo aqui o nome dele somente para não contrariar vossa excelência”.

O caso
O MPE acusa João Emanuel, Walter Magalhães e mais cinco pessoas de coordenarem um esquema de estelionato, montado para enganar pessoas interessadas em empréstimos bancários por meio da empresa Soy Group. As vítimas pagavam valores como forma de seguro e de adiantamento de pagamento dos supostos empréstimos, que nunca foram efetivados. Uma parte dos recursos deveriam vir por meio de um banco chinês, que teria Mauro Chen Guo Quin como representante no Brasil.

Para transparecer confiança e dar credibilidade à empresa, os envolvidos no esquema buscaram demonstrar a posse de grandes quantias em investimentos. Foram utilizados, inclusive, três supostos empreendimentos: dois na Amazônia, que seriam oferecidos a americanos, e um em Mato Grosso, como forma de atrair as vítimas.

(Atualizada às 20h28)

 

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes