A crise na suinocultura em Mato Grosso se agravou em razão da greve dos caminhoneiros, iniciada na última segunda-feira (21), em todo país. Produtores estão enfrentando dificuldades com a falta de abastecimento e reposição de insumos e animais estão morrendo por inanição.

Na tarde de ontem (23), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, divulgou fotos de animais mortos e um vídeo mostrando o “desespero” dos porcos sem comida. No vídeo, é possível ouvir o choro do tratador dos animais. O fato teria ocorrido numa granja em Diamantino.

De acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Raulino Teixeira, a entidade entrou nesta semana, com uma liminar na justiça pedindo ao Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de Mato Grosso (Sindicam/MT) liberação de caminhões com rações para os animais e transporte de suíno vivo.

“Com os bloqueios as granjas já estão sofrendo com o baixo estoque de grãos e consequentemente animais estão morrendo. A continuidade das paralisações reflete em mais riscos para a cadeia produtiva, que há quase um ano sofre com o baixo preço pago pelo quilo do suíno, o que tem tornado a atividade inviável para produtores no estado”, destaca Teixeira.

Conforme a Associação, o quilo do suíno vendido pelo suinocultor tem preço médio de R$ 2,55, sendo que o ideal, só para cobrir os custos de produção seria de R$ 3,30.

Teixeira ressalta ainda que apoia as motivações da paralisação, mas defende que o movimento deve preservar o fluxo dos alimentos e dos insumos para a produção. “É de conhecimento nacional a grave crise enfrentada pela cadeia produtiva, que há meses luta para preservar os postos de trabalho do setor”, afirma.

Para ele, impedir a continuidade da produção poderá gerar consequências graves para o Mato Grosso.

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A Nutribras Alimentos, um dos maiores frigoríficos de suínos do Estado, localizado em Sorriso, informou em nota que paralisará suas atividades por três dias por conta da falta de insumos e combustível para manutenção das atividades. A empresa tem um plantel de 17 mil matrizes e capacidade de abate de até 3 mil suínos por dia.

O proprietário da Suinobras, Reinaldo Morais, ressalta que a greve dos caminhoneiros só agrava a crise da suinocultura, ocasionada por uma sequência de eventos como a Operação Carne Fraca, as delações da JBS e o alto do custo de produção.

Reinaldo conta que possui mais de dez carretas carregadas de milho paradas entre as cidades de Deciolândia e Diamantino e de farelo de soja em Nova Mutum e Rondonópolis, que não conseguem chegar até Diamantino e Pedra Preta para abastecer as granjas.

“Eu também entrei na justiça com um pedido de liminar, não somos contra a greve que busca o melhor para o Brasil, sabemos da importância dos caminhões em nossas vidas, porém, somos contra a arbitrariedade de impedir o trânsito de suínos vivos e de alimentos para eles. Nossa granja em Diamantino, que possui cerca de 200 mil animais e produz quase 500 toneladas por dia, está há três dias sem conseguir abastecer os insumos. Infelizmente já apresentamos a mortalidade de quase 100 suínos por falta de alimento”, lamenta Reinaldo.

Outro a entrar na justiça foi o suinocultor, Fernando Takeuti, de Diamantino, que também tem sentido no bolso os impactos da greve. A granja dele conta com um plantel de aproximadamente 200 mil suínos e um consumo de 480 toneladas de ração por dia, e depende da entrega diária da matéria-prima para alimentar os animais. “O estoque é curto, para no máximo 2 dias. Como a paralisação está no terceiro dia seguido, os carregamentos não chegaram. Os animais estão sem ração e alguns até morreram de fome”, diz.

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Greve
Contrários à alta do diesel e a favor de redução da carga tributária sobre o combustível, caminhoneiros realizam bloqueios em 22 Estados e no DF desde a segunda-feira, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Só em Mato Grosso são mais de 20 pontos de bloqueio, segundo a PRF.

*Com informações de assessoria

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