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Empresas de ônibus tem menos combustível e passageiros deixam de viajar com medo de bloqueios

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Empresas de ônibus tem menos combustível e passageiros deixam de viajar com medo de bloqueios
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

O vai e vem habitual na rodoviária Engenheiro Cássio Veiga de Sá, em Cuiabá, foi substituído por um cenário quase estático, de menos movimento e fluxo de passageiros na manhã desta quinta-feira (24). São os primeiros efeitos da greve e dos bloqueios dos caminhoneiros nas estradas de todo Brasil, que chega ao quarto dia de protesto contra o alto preço dos combustíveis.

Com medo de uma viajem frustrada, muitos passageiros desistiram de pegar a estrada ou cancelaram suas viagens. “Está muito mais parado, movimento fraco, o pessoal fica com medo, mais receoso”, conta o vendedor Rodrigo Ramos, que trabalha em um dos guichês da rodoviária.

O barulho das conversas de encontros, reencontros e despedidas dá lugar ao tilintar dos telefones nos guichês. O toque anuncia o medo de clientes em potencial, que ligam preocupados, querem saber como estão as estradas e se é possível viajar.

“Normalmente os caminhoneiros param, perguntam se tem passageiro e se tiver deixam passar”, conta Josiane Araújo, que veio de Rondonópolis para Cuiabá (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

“Nós recebemos ligações todos os dias, a todo momento para saber se estamos rodando ou não”, explica Ramos. Apesar do receio, as empresas têm operado normalmente graças à decisão dos caminhoneiros grevistas de não interromperem a passagem dos ônibus nas rodovias.

“Normalmente os caminhoneiros param, perguntam se tem passageiro e se tiver deixam passar”, conta Josiane Araújo, que veio de Rondonópolis para Cuiabá com o marido e o filho pequeno enfrentando alguns bloqueios na estrada. “Viemos ontem e vamos voltar hoje mesmo, não atrasamos”, concluiu o marido Diogo Vieira.

Combustível

Os efeitos colaterais da greve atingiram não só o bolso dos empresários de transporte com o menor fluxo de passageiros, mas também o tanque dos ônibus, que rodam à beira do desabastecimento. Funcionários das empresas Verde Transportes e Andorinha contaram que o estoque deve durar mais uma semana, caso não haja reabastecimento.

“Recebemos um caminhão com combustível ontem, mas não deve durar muito tempo”, contou Adriana, uma funcionária do setor que não quis revelar seu sobrenome. Alessandro Petronillia, funcionário da Viação Novo Horizonte, diz que a situação está estabilizada na empresa onde trabalha, mas que a continuidade da greve poderá, sim, afetá-los.

“Mas mesmo assim nós apoiamos, todo mundo do setor do transporte apoia, porque é um gargalo antigo, que afeta todo mundo e que uma hora algo tinha que ser feito”, declarou Petronillia.

Prejuízo

Em nota, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), que representa o setor, afirmou ter registrado este ano, de janeiro a maio, prejuízo de R$ 1 bilhão devido ao aumento médio de 11% no preço do óleo diesel nos cinco primeiros meses do ano. As perdas levaram as empresas a solicitaram ajuda ao governo federal.

Segundo a NTU, a alta acumulada do diesel este ano está dez vezes acima da inflação do período. O combustível representa a segunda maior parcela de custo (23%) das companhias de ônibus, perdendo apenas para a folha de pagamento de pessoal. O setor avalia que o aumento do diesel já levou 33% das 1,8 mil empresas ao endividamento.

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