Eleições

Fundo Eleitoral: candidatos à reeleição recebem até 10 vezes mais

Sem regras claras sobre a distribuição do fundo, diretórios partidários têm privilegiado quem, em tese, tem mais chances de conseguir um mandato

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Fundo Eleitoral: candidatos à reeleição recebem até 10 vezes mais
(Foto: JL Siqueira / ALMT)

Os partidos políticos têm investido nas campanhas eleitorais para manter filiados já em mandato ou para recolocar quem pretende voltar aos cargos. A primeira prestação de contas mostra que esses candidatos têm recebido até 10 vezes mais dinheiro do Fundo Eleitoral. 

A aposta tem sido em nomes para deputados estaduais ou federais conseguirem se manter por mais quatro anos nos postos. O MDB está com a maior diferença.

A deputada estadual Janaína Riva, por exemplo, recebeu do diretório do partido R$ 500 mil para financiar sua campanha. Se for reeleita, ela irá para o terceiro mandato seguido.

Janaina entrou para a carreira política em 2014 e, hoje, é a única mulher em Mato Grosso com mandato de deputada. Mas não só isso, foi destaque nas campanhas eleitorais, sendo a mais votada. 

Deputada Janaina Riva (Foto: JL Siqueira / ALMT)

Já outras candidatas do MBD ao mesmo posto, como a professora Adélia e Rose Pires, receberam do partido, respectivamente, R$ 50 mil e R$ 100 mil para suas campanhas. Vale lembrar que as siglas são obrigadas por lei a reservar 30% das vagas e do financiamento para mulheres. 

A diferença entre os candidatos fica em torno de 50%. Os deputados Dr. João e Thiago Silva receberam cada um R$ 150 mil; o vereador por Cuiabá, Juca do Guaraná, R$ 100 mil; enquanto Marco Aurélio teve R$ 70 mil e Valdenir Santos, R$ 75 mil. 

No União Brasil, a diferença é menor. O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, e o ex-deputado estadual Baiano Filho conseguiram do partido R$ 390 mil, cada,  até momento. 

A quantia é três vezes maior que os R$ 90 mil transferidos para Dilmar Dal Bosco e Sebastião Rezende, ambos candidatos à reeleição, e para o ex-secretário de Saúde, Gilberto Leite.  

Em relação aos nomes menos conhecidos, como Beto Correa, Gisela Simona e Emidio de Sousa, o valor se multiplica por sete. 

Deputado Eduardo Botelho (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Regra de quem pode mais

“Essa é uma distribuição já esperada. Como o dinheiro fica na mão de quem manda nos diretórios, os caciques, eles distribuem do jeito que eles querem e, muitas vezes, para beneficiar sua própria campanha. Eles listam os candidatos, sabendo que não vão vencer e, por isso, dão menos dinheiro, sem contar os laranjas”, comenta o cientista político João Edisom. 

Edisom explica que a legislação eleitoral em vigor não prevê regras para a distribuição dos fundos pelos diretórios nacionais, estaduais e municipais. As normas têm cálculos para a repartição dos fundos a partir do número de representantes na Câmara Federal e os 30% para mulheres. 

“Aquilo que não é regrado fora do partido, quando chega dentro do partido vira território de quem manda. É comum se encontrar candidatos frustrados porque, antes das convenções partidárias, acham que é tudo mil maravilha, depois disso, eles dificilmente conseguem mobilizar apoio, principalmente financeiro”, diz. 

No Partido Liberal (PL), a proporção é a mesma das demais agremiações. O delegado Claudinei, Gilberto Cattani e Elizeu Nascimento, candidatos a mais quatro anos na Assembleia Legislativa, receberam até o momento R$ 100 mil.  

A tenente-coronel Vânia conseguiu R$ 40 mil; João Reis e Jadson Ramos, R$ 20 mil cada um. 

O Partido Progressista (PP) tem a menor diferença. O candidato à reeleição, deputado estadual João Batista, recebeu o mesmo R$ 100 mil que outros nomes menos conhecidos receberam. 

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