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Explosão no Comando Geral da PM pode ter sido atentado, aponta laudo

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Explosão no Comando Geral da PM pode ter sido atentado, aponta laudo

Ednilson Aguiar/O Livre

Comando Geral da PM

Caixa eletrônico que fica dentro do Comando Geral da PM sofreu explosão

Laudo produzido pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) de Mato Grosso fortalece a tese de que houve um atentado no episódio da explosão de um caixa eletrônico na sede do Comando Geral da Polícia Militar, ocorrido em dezembro de 2016.

A suspeita é que o ataque tenha partido de uma facção criminosa, em uma possível modalidade de “batismo” de novos integrantes. Outra hipótese é que tenha partido de membros da própria corporação, insatisfeitos com a cúpula da PM, que acabou sendo substituída. 

O documento de 38 páginas, ao qual a reportagem teve acesso com exclusividade, diz que o explosivo foi posicionado na parte de trás do equipamento, que é o ponto de maior resistência e menos indicado para ter acesso ao cofre.

Um estrondo na madrugada

A explosão foi ouvida pelos policiais de guarda às 3h do dia cinco de dezembro, uma segunda-feira. O impacto causou danos ao caixa, às paredes, ao piso, estilhaçou vidros, quebrou luminárias e caixas de tomada. O móvel principal da recepção e uma parede divisória, ambos de madeira, também foram atingidos.

Explosivo foi posicionado na parte de trás do caixa eletrônico, que é o ponto
de maior resistência e
menos indicado para ter
acesso ao cofre

Do explosivo, sobraram partes do estopim e a fuligem que ficou impregnada nas paredes.

Desse resquício, foram coletadas duas amostras para análise do laboratório forense, que identificou traços compatíveis com o composto formado pela mistura de Nitrato de Amônio e óleo combustível, conhecido pela sigla ANFO (do inglês Ammonium Nitrate Fuel Oil).

“O resultado foi confirmado quando comparado com o espectrograma de uma amostra conhecida de ANFO, fornecida pela Polícia Militar”, relatou, em um trecho do laudo, o perito criminal Marivaldo Gonçalves Rocha, que assina o documento.

Empregado na construção pesada e no setor de mineração, o ANFO tem alto poder destrutivo, mas, em razão da forma como foi empregado, não causou danos significativos à parte frontal do equipamento, deixando intacto o cofre. No Brasil, seu controle está sob a supervisão do Exército, por meio da R-105 (decreto 55.649, de 28 de janeiro de 1965).

Motivação

A investigação, a cargo do GCCO (Grupo de Combate ao Crime Organizado) da PM, é sigilosa. O LIVRE apurou que a possibilidade de uma tentativa de roubo por meio de explosivos está praticamente descartada, uma vez que o modus operandi dessa modalidade está amplamente difundido entre os grupos criminosos.

Entre as linhas consideradas, estão um possível “batismo” por parte de facções criminosas: invadir o Comando Geral e implantar o explosivo no local seria, nesta hipótese, uma prova de fogo para novos integrantes.

A tese do “fogo amigo” também é considerada. O episódio causou grande constrangimento à cúpula da corporação e levou à queda do então comandante geral, coronel Gley Alves, no dia seguinte.

Entre as linhas consideradas, estão um possível “batismo” por parte de facções criminosas

A perícia da Politec, porém, não localizou quaisquer indícios dos autores: não foram identificadas impressões digitais nem o número de série dos explosivos utilizados na ação.

Vulnerável

Uma constatação que pode ser extraída da perícia da Politec é a da grande vulnerabilidade da sede do Comando Geral da PM. Implantado em meio a uma área de 58 mil metros quadrados, o complexo com seis prédios não dispunha (e até hoje não dispõe, segundo a assessoria) de um sistema de videomonitoramento.

Seu interior, apontou a Politec, é guardado por muros baixos, facilmente transponíveis, e grades que, pela erosão do terreno, permitem a passagem de invasores sem a necessidade de arrombamento.

Explosão de caixa também
pode ter sido um caso de “fogo amigo”, já que constrangeu a cúpula da PM e derrubou o então comandante geral, coronel Gley Alves

“(…) Na edificação, os meliantes entraram através de arrombamento do cadeado da porta posterior (P3) que dá acesso ao segundo pavimento do bloco central da administração, entraram pelo saguão, passando pelos corredores e descendo as escadas”, diz outro trecho.

Os invasores, segundo a análise, provavelmente fugiram pelo mesmo caminho, uma vez que não foram identificados outros pontos de arrombamento. “Os muros são de fácil escalada, para dentro e para fora”.

Questionada, a PM respondeu, por meio de sua assessoria, que a segurança do comando é realizada por meio de rondas regulares do perímetro e que a implantação do sistema de videomonitoramento está em “tratativas” com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

O Inquérito Policial Militar (IPM) aberto na corregedoria da PM foi apresentado à Justiça Militar na semana passada, mas com resultado inclusivo. Segundo a assessoria, isso ocorreu justamente por falta do laudo pericial. 

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