Agricultores, empresários, pesquisadores e representantes do poder público participaram de uma discussão sobre o avanço da agricultura irrigada em Mato Grosso na última semana, em Cuiabá. Durante o encontro, os cientistas da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG) apresentaram estratégias para serem aplicadas no estudo que visa descobrir a viabilidade da ampliação da área irrigada de forma sustentável.
Hoje se estima que a área irrigada do Estado seja de 220 mil hectares. O que não representa 1% da área plantada de Mato Grosso. Se levado em consideração a área destinada para a agricultura e pecuária, o total irrigado é ainda menor.
O avanço desse projeto pode alavancar a produção agrícola do Estado, uma vez que, com o controle da água, os produtores conseguem aumentar suas safras, garantindo o que o solo pode produzir. Essa tecnologia também proporciona um equilíbrio na distribuição da água e que possibilita o máximo aproveitamento dela.
Mas antes de trabalhar na ampliação desse mecanismo, os produtores têm se preocupado com o avanço sustentável do setor. O presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Trigo e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), Marlon Fedrizzi disse que a discussão foi uma oportunidade de se criar um estudo prévio antes que a irrigação represente um problema no Estado.
“O estudo é bem abrangente, ainda mais se falando de um Estado continental como o nosso, com diferenças e características próprias entre regiões. Por isso, nosso objetivo é fazer uma agricultura irrigada de maneira sustentável e produtiva. Tem que ser correta ambientalmente, mas também social, ela tem que atender a demanda da sociedade, do Estado e da classe produtora”, afirma o presidente.
Marlon Fredizzi avalia que é cedo para projetar o crescimento da irrigação no Estado. Ainda ressalta que para isso é preciso cautela. “Quando falamos em irrigação, falamos em grandes investimentos e hoje não vemos mais ninguém arriscando. Por isso temos que estar ambientalmente e socialmente corretos”.
Ele ainda observou que com a ampliação da cobertura, os produtores terão mais capacidade de variar a cultura, “você consegue sair do milho e soja, consegue ter um leque de produtos muito maior para fornecer para sociedade. Quem ganha com isso é o consumidor final que vai ter produtos mais baratos e mais diversificado”.
O professor do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV-MG, Everardo Mantovani destacou que com a irrigação agrícola o produtor pode produzir mais e melhor, além de ter a possibilidade de ter mais de uma safra no mesmo local, evitando a abertura de novas áreas.
“Você consegue entrar em uma cultura de maior valor e risco, porque você tem a certeza que não vai ter problemas de água”, disse.
Mantovani ainda afirmou que a irrigação agrícola contribui para a geração de emprego, desenvolvimento da região, arrecadação de impostos e produção de alimentos.