Em tempos nos quais os políticos reforçam o discurso do bom uso do dinheiro público e, não raras vezes, condenam a existência do Fundo Eleitoral – cerca de R$ 4,9 bilhões do seu dinheiro destinado a campanhas nas eleições deste ano – a exploração do potencial das redes sociais para a propaganda política deixa a desejar.
Somente a metade dos candidatos a deputado federal em Mato Grosso, por exemplo, as utilizam com o objetivo de chegar ao eleitor. Um caminho bem mais barato que o da propaganda política tradicional, como destaca o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Hélio Ramos.
“O custo financeiro nas redes sociais é bem menor do que os meios convencionais. Um investimento de R$ 200 mil não é feito nem por grandes varejistas em um mês, e dá para se fazer muita coisa com esse dinheiro, se levarmos em conta um trabalho bem feito de marketing. A publicidade convencional custa R$ 150 mil para o candidato, só de início da campanha”, ele afirma.
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Políticos desconectados
Um levantamento da Agência Câmara mostra que algumas redes sociais, como o TikTok – uma das mais “badaladas” do momento -, são as apotas de apenas 10% dos candidatos.
Facebook e Instagram ainda são as com mais usuários. Dos 161 candidatos que disputam uma das 8 cadeiras de Mato Grosso na Câmara Federal, 84 usam o Facebook e 81 o Instagram, o que totaliza, respectivamente, 52% e 50% do total.
E oha que Mato Grosso é o segundo Estado com maior número de candidatos ativos em redes sociais. Está entre o Paraná, na primeira posição, e Rio Grande do Sul, na terceira.
As outras mídias sociais mais conhecidas, como Twitter, Youtube e TikTok são utilizadas por menos de 10%, na sequência: 10, 12 e 12 candidatos.
A pesquisa da Agência Câmara foi feita com base em perfis de candidaturas.
Falha na estratégia?
Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-MT, Hélio Ramos, cita dados que podem apontar para uma explicação. As redes sociais, atualmente, estão estratificadas por faixa etária dos usuários.
A mais antiga dentre elas, o Facebook, concentraria as pessoas mais velhas, o Instagram seria mais assíduo entre pessoas que estão na casa dos 20 anos de idade e o TikTok, tem em sua maioria usuários que sequer atingiram a idade mínima necessária para votar.
O levantamento da Agência Câmara também revela que os candidatos brancos, mais jovens, com maior escolaridade e com maior patrimônio são os com maior percentual de páginas cadastradas em mídias sociais.
E entre os partidos políticos, o Novo é o com os candidatos mais conectados: 95% têm conta no Instagram, 89% no Facebook, 69% no Twitter, 66% no Youtube e 45% no Tiktok.