Principal

Deputados se voltam contra Riva após delação

4 minutos de leitura
Deputados se voltam contra Riva após delação

Ednilson Aguiar/O Livre

deputado estadual Pedro Satélite

Pedro Satélite destacou que Riva é alvo de mais de 100 processos

 

Depois de serem delatados pelo ex-deputado José Riva como beneficiários de mensalão na Assembleia Legislativa, alguns parlamentares se voltaram contra ele. Dos 33 denunciados pelo ex-parlamentar, oito ainda têm mandato de deputado estadual. Seis deles compareceram à primeira sessão depois do depoimento de Riva, realizada na noite desta terça-feira.  

Dois subiram à tribuna para se defender: Daltinho de Freitas (SD) e Pedro Satélite (PSD). “Quem tem mais de 100 processos não tem moral para falar de mim”, disparou Satélite, afirmando que não responde a nenhum processo mesmo depois de 28 anos de vida pública.

“Quem tem mais de 100 processos não tem moral para falar de mim”

“Não compactuo com nada ilícito. E respondo exclusivamente por mim. Nunca ouvi falar de mensalinho”, declarou.

Antes aliado de Riva, Satélite é filiado ao PSD, sigla que em Mato Grosso foi capitaneada pelo ex-presidente da Assembleia. O PSD, à época de sua criação, atraiu a maior parte do grupo político de Riva, que estava espalhado por várias siglas. Satélite era suplente de deputado estadual e foi um dos que aderiu ao novo partido.

Desempregado
O ex-deputado Nataniel de Jesus foi outro que recorreu aos processos de Riva para minimizar a confissão. Ele circulava pela Assembleia Legislativa na noite desta terça, durante a sessão, quando foi abordado pela imprensa.

“Acho uma palhaçada essa fala de uma pessoa que tem 103 processos nas costas”, disparou. “Não sei se ele tem credibilidade para falar da conduta de outras pessoas”, completou.

Nataniel, que é pastor de uma igreja evangélica, nega ter recebido propina. “Entrei pobre e saí pobre da Assembleia Legislativa. Onde foi parar esse dinheiro que ele diz que eu recebi? Eu não tinha um imóvel”, declarou. O ex-deputado afirma que está desempregado há três anos, desde que foi exonerado do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat).

Tom ameno
Além de Satélite, outro que usou a tribuna para se defender foi Daltinho. Seu discurso foi mais ameno que o do colega, e ele focou em se defender. “A declaração de Riva colocou todos na mesma vala. Se existia esse procedimento de mensalinho, a mim não chegou, até por ser deputado de oposição de baixo clero”, disse. 

“Entrei pobre e saí pobre da Assembleia Legislativa”

Filha do ex-presidente da Assembleia, Janaina Riva (PMDB) também evitou comentar o assunto, e não saiu em defesa do pai. 

“Eu sei separar bem as coisas, a Janaina como filha e como deputada.” À imprensa, ela disse confiar que os colegas saberão separar sua imagem da do pai e que a relação dentro do parlamento não deve mudar. “Eu tenho meu CPF, minha personalidade”, afirmou, repetindo a analogia que sempre usa quando é questionada sobre as ações de Riva. 

O deputado Wagner Ramos (PSD), outro da lista de Riva, preferiu não usar a tribuna, mas acabou falando sobre a questão em entrevista. “Assumi como suplente em março de 2007, quando João Malheiros foi para a Casa Civil, e todo mundo sabe como é a vida de um suplente na Assembleia”, disse.  

“Em 2008, assumi a cadeira em definitivo, com a ida de Humberto Bosaipo para o TCE (Tribunal de Contas do Estado). Tenho certeza que, nesse período, nem Riva, nem ninguém, me passou mensalinho ou qualquer coisa assim. Tenho minha consciência tranquila. Vou fazer minha defesa”, completou.

Também compareceram à sessão Gilmar Fabris (PSD), Guilherme Maluf (PSDB) e Sebastião Rezende (PSC) – todos delatados por Riva. Dentre os denunciados, estavam ausentes Mauro Savi (PSB) e Zé Domingos Fraga (PSD).

Confissão
Na sexta-feira, 31, durante audiência da Operação Imperador, o ex-deputado José Riva entregou um esquema de propina mensal aos deputados estaduais, coordenado por ele, que teria iniciado no governo Dante de Oliveira (PSDB), na década de 90, e se estendido pelo governo Blairo Maggi (então no PR, hoje no PP) até o governo Silval Barbosa (PMDB). Os valores teriam começado em R$ 15 mil e chegado a R$ 25 mil. 

O ex-presidente da Assembleia denunciou 33 pessoas como beneficiárias do esquema no período de 2003 a 2007, sendo que oito ainda exercem mandato na Assembleia Legislativa. No depoimento, Riva ainda isentou cinco parlamentares.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes