Política

CPI da Intervenção: investigação a procurador pode gerar conflito de competência

Vereadores da base de Emanuel Pinheiro abriram espaço em conflito administrativo para explorar lado político da crise na saúde

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CPI da Intervenção: investigação a procurador pode gerar conflito de competência
(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre )

Os vereadores membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) abriram os trabalhos para apurar as ações do procurador do estado, Hugo Felipe Lima, no papel de interventor na Saúde em Cuiabá. 

A comissão foi instalada na esteira do pedido de investigação ao prefeito Emanuel Pinheiro, arquivado por 14 votos contra e 9 a favor. A CPI da Intervenção é comandada pelo vereador Luís Cláudio (Progressistas), ex-secretário de governo da prefeitura. 

Ele diz que a apuração vai se concentrar em seis pontos 

  • Conflitos de interesse econômico do interventor 
  • Alta no número de mortes no SUS em Cuiabá durante a intervenção 
  • Paralisação de UTI pediátrica 
  • Divulgação de dados inverídicos 
  • Uso político da intervenção 
  • Atitudes antiéticas 

Todos eles foram mencionados pelo prefeito Emanuel Pinheiro na data de retomada do controle da Secretaria de Saúde e da Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP), no dia 6 de janeiro. 

Porém, alguns deles já estão na decisão do desembargador Orlando Perri, no dia 28 de dezembro de 2022, que autorizou a entrada do estado na administração do SUS (Sistema Único de Saúde) de Cuiabá. 

Além do suposto descumprimento de ordens judiciais, o desembargador citou:

  • Falta de médicos e medicamento  
  • Falta de condições mínimos para atendimento ao público 
  • Falta de exames e diagnósticos 
  • Mortes em dependências de hospitais 

O desembargador também concedeu ao interventor autoridade de prefeito para tomar decisões na saúde. 

Conflito entre poderes 

O embate entre a CPI e a decisão monocrática (individual) do desembargador Orlando Perri pode criar um embate judicial. O presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Hélio Ramos, diz que a investigação dos vereadores pode ser feita ao papel de interventor. 

“Se a investigação for a atos tomados no âmbito da administração municipal, os vereadores têm o direito para abrir uma CPI. Mas, neste caso, o procurador não poderá ser investigado para além daquilo que ele ou não no papel de interventor”, comenta. 

O advogado explica que a CPI deverá se limitar às ações de intervenção pela própria organização jurídica do direito brasileiro. Os procuradores só poderiam ser investigados pelos tribunais de instância federal, como o STJ (Superior de Tribunal de Justiça). 

Outro ponto de polêmica é o entendimento da autorização que o interventor teve para atuar na saúde. O vereador Luís Cláudio disse houve “excessos”. O desembargador Orlando Perri autorizou uma “intervenção setorizada”, dando ao nomeado “poder de prefeito para atuar na saúde”. 

Segundo Hélio Ramos, o potencial de choque entre ações da CPI e a decisão judicial poderá passar novamente à decisão judicial. Ministério Público e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) poderão intervir na defesa de seus interesses.   

 

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