Maria Angélica Oliveira/O LIVRE
De dentro da central de videomonitoramento da Secretaria de Mobilidade Urbana de Cuiabá (Semob), a reportagem do LIVRE fez um teste: por dez minutos, observou um trecho da avenida do CPA próximo à esquina com a avenida Mato Grosso.
Nesse curto espaço de tempo, 13 carros passaram por ali dentro da faixa exclusiva para ônibus, uma infração classificada como gravíssima. São sete pontos na carteira de motorista e multa de R$ 293. Nenhum dos motoristas será multado.
A partir desta segunda-feira (6), a prefeitura começaria a usar as imagens para multar quem invade os corredores de ônibus, mas, na véspera, o prefeito Emanuel Pinheiro adiou a medida para esclarecer melhor a população que anda de carro: são cerca de 400 mil veículos na capital, contra 5 milhões de usuários de transporte público por mês.
No final da manhã desta segunda, os agentes que trabalham dentro da central ainda não tinham recebido orientações oficiais sobre o que fazer e apenas observavam as infrações acontecerem. “Já temos respaldo legal para multar desde 2015”, disse um deles.
A aplicação de multas com base em videomonitoramento foi autorizada pela resolução nº 532/2015 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). No mesmo ano, a Prefeitura de Cuiabá instalou 32 câmeras pela cidade e criou dentro da Semob uma sala com 17 monitores que projetam as imagens ao vivo.
Os equipamentos ajudam a flagrar motoristas que utilizam o celular e dirigem sem cinto de segurança. No entanto, são usados para outros fins: monitorar o fluxo do trânsito e identificar pontos de engarrafamento, por exemplo.
As duas primeiras faixas de ônibus de Cuiabá foram criadas em 2013, na avenida Getúlio Vargas e na avenida Isaac Póvoas. Três anos depois, em 2016, foi criado o corredor da avenida do CPA, que funciona nos dois sentidos da via.
Durante os próximos quatro meses, a Semob vai apenas enviar advertências aos motoristas que invadirem os corredores.
“Conversamos ontem, e o prefeito determinou que segurasse, fizesse só umas advertências a título de orientação para que daí então a gente pudesse tomar as devidas providências. Será por escrito, como se fosse a notificação de multa, mas sem penalidade, até para as pessoas se acostumarem. (…) Acho que precisava dar um choque nas pessoas: ‘Vamos começar a respeitar’. Talvez seja isso que faltou por parte da secretaria: colocar mais anúncios e trazer mais as pessoas para participar”, justifica o secretário de Mobilidade Urbana, Antenor Figueiredo.
