Crônicas Policiais

Comerciantes do Centro Histórico de Cuiabá sofrem com furtos durante a madrugada

A Consertos Silva foi alvo de furtos duas vezes no último mês e os irmãos José e Dejair estão precisando reembolsar os clientes que tiveram os bens furtados

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Comerciantes do Centro Histórico de Cuiabá sofrem com furtos durante a madrugada
(Foto: Karina Cabral / O Livre)

Que o Centro de Cuiabá já não é um local em que a população sente-se segura, não é novidade. Quem nunca ouviu (ao dizer que iria no Centro): “Cuidado com o celular”, “Não fique andando com celular na mão”? Isso porque pequenos delitos – como furtos e roubos de celulares, carteiras, bolsas e joias – são, infelizmente, corriqueiros na região.

No entanto, há um mês os lojistas do Centro Histórico de Cuiabá passaram a também serem alvos mais frequentes de bandidos. Nesse caso, os furtos acontecem no calar da noite – ou da madrugada – quando não há testemunhas e os trabalhadores tentam descansar.

“A gente fica de mãos atadas. A gente vai para casa para dormir e não sabe como que vai estar aqui no outro dia”, disse José Gonçalo da Silva Santos, 55 anos, da Consertos Silva.

O famoso local de conserto de bolsas, malas e bolas do centro de Cuiabá, cuja história o LIVRE contou em fevereiro, foi alvo de furtos duas vezes dentro de um mês e os irmãos, José Gonçalo e Dejair da Silva Santos, têm sofrido com as consequências dos crimes.

(Foto: Karina Cabral / O Livre)

Mudança

Após 44 anos no mesmo ponto, os irmãos resolveram mudar para um novo espaço, duas portas abaixo do anterior. A intenção era dar mais comodidade para os clientes, com um espaço maior, arejado e com banheiro. Porém, foi a partir daí que o pesadelo começou.

José Gonçalo, mais conhecido como Zezinho, conta que eles começaram a se mudar no dia 7 de abril, véspera do aniversário de Cuiabá e feriado de Corpus Christi.

No dia 8 de abril, um sábado, ainda não haviam conseguido levar tudo para o novo espaço. Zezinho trabalhou até meio-dia e foi embora.

Quando os irmãos chegaram na segunda-feira (10), para terminar a mudança e trabalhar, o telhado do antigo endereço estava estourado.

Eles não sabem o horário, nem o dia exato em que o ladrão entrou, mas acreditam que tenha sido no dia 9 de abril, domingo, quando as lojas do Centro não abrem.

Neste furto, além de produtos de clientes, o ladrão levou materiais de serviço dos profissionais, como alicates, martelo e uma furadeira.

Local anterior da Consertos Silva, onde ocorreu o primeiro furto aos irmãos (Foto: Isabella Suzuki / O Livre)

De novo

Os irmãos foram percebendo o que havia sido levado aos poucos, conforme os clientes iam buscar seus pertences e não encontravam.

Mas a situação ficou ainda pior quando, na madrugada entre o sábado (22) e o domingo (23) alguém entrou novamente no comércio dos irmãos, desta vez no novo endereço.

“Nós já achamos falta de mala, de bolsa, de mochila. Levou mais coisa, mas isso que nós demos falta até agora. Tem coisa que não demos falta porque o freguês não veio buscar ainda”, contou José.

Até o momento, o prejuízo calculado pelos irmãos chega a R$ 2,5 mil, visto que eles têm pagado objetos novos para os clientes que tiveram seus bens roubados.

“Um tênis mesmo, tive que pagar para uma freguesa R$ 600. Ela trouxe no dia 7 e entraram aqui no dia 8 ou 9”, lamentou Zezinho.

(Foto: Isabella Suzuki / O Livre)

Insegurança

José conta que, na mesma semana, ladrões também entraram, durante a noite, em dois restaurantes, um depósito de loja e duas lojas da região. “Está difícil trabalhar aqui”, reclamou.

Em 44 anos no mesmo ponto, os irmãos nunca haviam sido alvos de furtos como esses. No ano passado eles tiveram fios de cobre furtados duas vezes, mas do lado de fora do comércio. E antes disso nunca haviam sofrido nenhum crime no local.

“Desse jeito que foi agora, nos 44 anos que estamos aqui, nunca aconteceu. Já chegou de sumir uma mala. Talvez uma falta de estar olhando, cuidando no dia a dia. Mas assim, de entrar, não”, disse José.

“[Antigamente] aqui era bom porque você ia almoçar e deixava tudo aberto. Almoçava na Ricardo Franco, deixava aberto e ninguém mexia. Aqui era paralelepípedo. Era tranquilo. Agora você piscou o olho e povo está levando tudo que é seu”, lamentou Dejair ao LIVRE em fevereiro, sem saber que em pouco tempo seria alvo dos furtos.

(Foto: Isabella Suzuki / O Livre)

Fidelidade

Apesar do prejuízo financeiro, José Gonçalo conta que os clientes estão, em sua maioria, sendo compreensivos e dando um tempo para ver se os itens serão encontrados, ou para que os irmãos consigam levantar valores para poder reembolsá-los. Os fregueses são fiéis aos irmãos e os têm ajudado como podem.

“Levaram uma mala com umas 8 bolsas dentro, todas novas, de uma freguesa minha lá do shopping. Vamos pagar ela em serviço. Foi uma pessoa muito gente fina, atenciosa. Nós vamos pagar ela em serviço, porque eles trazem muito serviço para nós. Mas é complicado, não está fácil não”, contou Zezinho.

José Gonçalo e Dejair não registraram boletim de ocorrência, mas uma equipe da PM foi até o local e os ouviu.

“A insegurança é difícil, nunca vai acabar. Durante o dia a gente está aqui, nunca mexeram. Mas tem muita freguesa minha que fica com medo de andar aqui no Beco do Candeeiro. Quando inauguraram essa praça aqui estava bom demais, ficava policial aí o dia todo. Agora já abandonou tudo. Não tem mais o posto policial. Eles passam, toda hora passa carro da polícia. Mas o ladrão parece que sabe a hora que a polícia vai chegar”, disse José.

“O problema no Centro está sendo durante a noite. Porque a gente vai tudo para casa, vai dormir cedo, e só Deus mesmo para a gente chegar no outro dia, porque a gente não sabe como vai estar”, completou.

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